O que é o efeito estufa?

15 de julho de 2023 7 mins. de leitura
Entenda o que é o efeito estufa e como o agronegócio pode agir para evitar o aquecimento global

O efeito estufa é um fenômeno natural, fundamental para a manutenção de uma temperatura ideal para a preservação da vida na Terra. Apesar disso, a atividade humana tem influenciado esse processo de tal forma a colaborar para a acentuação do aquecimento global. Com isso, eventos climáticos extremos têm maior probabilidade de ocorrência e uma série de desastres podem acontecer, tanto para os humanos como para a fauna e a flora.

O que é o efeito estufa?

O efeito estufa é o processo no qual o calor emitido pelo sol é mantido na superfície terrestre através da atuação de alguns gases. Quando a luz solar chega à superfície terrestre, parte dela é refletida de volta ao espaço. A outra parte é capturada por gases que têm a capacidade de absorver a radiação térmica, como o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O), o vapor de água e a família dos CFCs (CFxCly). Parte da radiação absorvida pelos gases é reemitida para a Terra, sendo diretamente responsável pelas temperaturas no planeta.

Quais são as consequências do aumento do efeito estufa?

Nos últimos séculos, a atividade humana intensificou a emissão de gases de efeito estufa (GEE). Desmatamento, queimadas, uso de combustíveis fósseis, pecuária e poluição de grandes indústrias são alguns dos processos que mais emitem esses gases poluentes. Isso faz que ocorra o aquecimento global, um aumento da temperatura média dos oceanos e do ar na superfície da Terra.

Muitas pessoas têm dúvidas sobre a veracidade desse aquecimento, porém, a Ciência já concluiu a autenticidade da teoria. O que gera confusão é que o aquecimento global não causa, como se pensa, o aumento da temperatura em todo o planeta, mas sim um aumento da frequência de eventos climáticos extremos.

O aumento das temperaturas afeta o ciclo das águas, influenciando ventos e precipitações, o que acaba gerando efeitos de desertificação em certas regiões, alagamentos, tufões e outros eventos em diversas áreas. Além disso, já foi detectado o aumento do nível do mar e o derretimento de calotas polares, e, com isso, o mar acaba avançando sobre cidades litorâneas e pequenas ilhas.

Queimadas e desmatamento são algumas das principais atividades que liberam gases do efeito estufa no agronegócio. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

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Quais atividades do agronegócio causam emissões de gases do efeito estufa?

Apesar das atividades mais conhecidas pela emissão de gases do efeito estufa serem próprias das grandes cidades, como a poluição de veículos e de grandes indústrias, o agronegócio também é responsável por grande parte das emissões. Nem todas as práticas agrícolas têm um impacto negativo, mas algumas atividades específicas podem resultar em muita emissão de GEE. Entre os processos problemáticos estão:

  • queima de biomassa — práticas de queimadas de resíduos agrícolas ou de florestas são comuns em determinadas regiões. O processo libera dióxido de carbono e outros gases poluentes na atmosfera, contribuindo para o efeito estufa;
  • desmatamento — alguns produtores ainda recorrem ao desmatamento para a expansão de áreas agrícolas e pasto. O desmatamento libera grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2) armazenado nas árvores, aumentando a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera;
  • manejo de animais  a pecuária pode contribuir para o efeito estufa por meio da emissão de metano (CH4), outro gás de efeito estufa potente. A fermentação entérica, que ocorre no sistema digestivo dos ruminantes, é a principal fonte de emissões de metano na atividade;
  • uso de maquinário e transporte  a agricultura moderna depende do uso intensivo de maquinário e transporte, que geralmente são alimentados por combustíveis fósseis. A queima desses combustíveis libera dióxido de carbono na atmosfera;
  • uso irrestrito de fertilizantes — alguns fertilizantes usados na agricultura, como os nitrogenadospodem liberar óxido nitroso (N2O), um potente gás de efeito estufa. A aplicação excessiva e a má gestão aumentam as emissões do gás.
Diferentes técnicas podem ser empregadas para mitigar os efeitos nocivos da agropecuária. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Como o agronegócio pode combater o aquecimento global?

O agronegócio tem um papel importante na transformação do planeta em busca da sustentabilidade. Apesar das técnicas citadas contribuírem para o aquecimento global, o setor já sabe a importância de aplicar métodos mais amigáveis ao meio ambiente, seja para salvar o planeta, seja para continuar fechando negócios importantes com o mercado internacional.

Diferentes métodos podem ser usados nas mais diversas fases do processo produtivo no campo para transformar o agronegócio de vilão em aliado na luta contra o aquecimento global. Confira a seguir algumas alternativas menos agressivas ao meio ambiente.

Pecuária sustentável

Na pecuária, a adoção de práticas de manejo adequadas, como a melhoria da nutrição animal, a gestão do esterco e a captura de metano dos sistemas de produção, pode ajudar a reduzir as emissões de metano (CH4). 

O uso de técnicas como a produção de biogás a partir do esterco pode aproveitar o metano como fonte de energia. Além disso, novas tecnologias ajudam a ter uma alimentação que gere menos metano e até animais geneticamente modificados com a mesma característica.

Energias renováveis

Boa parte do agronegócio ainda depende da utilização de combustíveis fósseis, seja nas máquinas agrícolas, seja nas indústrias, seja no transporte para o escoamento das safras, o diesel dita os caminhos no Brasil. 

A transição para fontes de energia renováveis reduziria as emissões de gases de efeito estufa. Tecnologias como painéis solares, turbinas eólicas e biodigestores podem ajudar a gerar energia limpa e sustentável para as operações agrícolas e já são realidades no campo.

Manejo adequado do solo

O modo como o solo é tratado faz grande diferença na emissão de gases. Grandes áreas de monocultura esgotam mais rapidamente os nutrientes, o que faz que produtores recorram a fertilizantes que podem ser mais poluentes. 

Ao contrário, a adoção de práticas como as técnicas do plantio direto, a rotação de culturas e a cobertura do solo, pode aumentar o sequestro de carbono no solo, reduzindo a quantidade de CO2 na atmosfera.

Uso eficiente de fertilizantes

A aplicação precisa e o uso eficiente de fertilizantes podem ajudar a reduzir as emissões de óxido nitroso (N2O). A tecnologia pode ser uma importante aliada na adesão a práticas como a aplicação na taxa certa, a escolha de fontes de nutrientes de alta eficiência e a gestão cuidadosa dos resíduos de fertilizantes, que podem minimizar a liberação de N2O.

Reflorestamento e agrossilvicultura

O plantio de árvores em áreas agrícolas pode ajudar a sequestrar carbono da atmosfera. A agrossilvicultura, ou a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), integram árvores com cultivos e pastagens, podendo sequestrar o carbono emitido, além de proteger o solo, diversificar a produção e criar hábitat para maior biodiversidade.

Outras práticas, como a gestão sustentável da água e de outros recursos naturais, assim como a aplicação mais consciente de fertilizantes e insumos, podem contribuir para um agronegócio mais sustentável. A tecnologia se mostrou uma aliada para a otimização da produção agrícola em diversas oportunidades, e pode ajudar na transformação verde.

Fonte: Ecycle, Embrapa, Toda Matéria, WWF, Estadão Summit Agro

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