Como evitar o desperdício de alimentos?

17 de outubro de 2023 6 mins. de leitura
OMS estima que mais de 3 bilhões de pessoas vivem com insegurança alimentar no mundo e quase 1 bilhão de toneladas produzidas pela agricultura são desperdiçadas

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O relatório Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo 2022, da Organização Mundial da Saúde (OMS), compilou dados da produção de alimentos em todo o mundo e apresenta conclusões preocupantes. A fome atinge 828 milhões de pessoas, e a insegurança alimentar outras 2,3 bilhões. Com isso, quase metade da população do planeta se alimenta de forma considerada pior do que a adequada.

Mais assustador do que esse fato, é saber que o planeta produz comida suficiente, mas ela é mal distribuída e mal cuidada. O relatório da OMS, analisou 54 países e mostrou que o desperdício é uma prática comum em países ricos ou pobres, indiscriminadamente.

Maior parte do deperdício ocorre na produção e transpore de alimentos (Fonte: GettyImages/Reprodução)
(Fonte: GettyImages/Reprodução)

Segundo o relatório, no ano passado 931 milhões de toneladas de alimentos que chegaram a varejistas e consumidores foram desperdiçadas. Além disso, há uma grande preocupação com todas as perdas que ocorrem até a comida chegar nos supermercados. 

Um levantamento de 2022 da Organização das Nações Unidas (ONU), estima que o Brasil desperdiça, anualmente, 27 milhões de toneladas de alimentos, sendo que 80% dessas perdas ocorrem na produção, manuseio, transporte e centrais de abastecimento.

Todas as etapas, desde a produção até a chegada da comida na mesa, podem ser melhoradas. Um estudo de 2020, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-Log) apontou que 1,58 milhão de toneladas de soja e 1,34 milhão de toneladas de milho foram perdidas nas estradas do País; reflexo da dependência do modal rodoviário para o escoamento da produção de grãos.

Outra estimativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) aponta que, em 2022, 17% do total de alimentos disponíveis aos consumidores foram desperdiçados. No Brasil, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), 26,3 milhões de toneladas de alimentos são desprezados frente a um total de 140 milhões de toneladas produzidas por ano. Além disso, estima-se que 33,1 milhões de brasileiros estejam em situação de insegurança alimentar grave.

A Embrapa também estima que essas perdas se dão da seguinte maneira:

  • 10% do que se perde é ainda no campo, durante colheita e armazenagem;
  • 50% é durante manuseio e transporte;
  • 30% se perde na comercialização e no abastecimento;
  • 10% dos alimentos são perdidos nos pontos de venda, restaurantes e domicílios.

Como evitar o desperdício de alimentos?

O desperdício ocorre nos mais diversos processos da cadeia produtiva e logística, com isso, apesar de não ser irrelevante, as perdas na etapa de consumo são menores. Para driblar essas situações, algumas dicas de como fazer a feira com mais frequência e comprar menores quantidades são bem-vindas e importantes, pois isso evita que alimentos frescos fiquem com aspecto visual ruim e acabem sendo descartados.

Também é importante não descascar com muita antecedência os alimentos. A maioria das cascas atua como uma barreira contra a proliferação de bactérias, e os alimentos prontos para o consumo precisam de vários procedimentos para não serem contaminados. Guardar as frutas e os vegetais no congelador também é uma maneira de prolongar a vida útil dos alimentos, porém, é importante que a temperatura esteja abaixo dos 5°C.

Bons hábitos em casa podem ajudar, mas o problema precisa ser abordado de forma política. (Fonte: GettyImage/Reprodução)
Bons hábitos em casa podem ajudar, mas o problema precisa ser abordado de forma política. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

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Do ponto de vista da produção agropecuária e da logística, as medidas para evitar a perda de alimentos são mais complexas e envolvem a necessidade de ação de produtores, várias instâncias do governo, sociedade civil e até a criação e obediência às políticas públicas específicas.

Em 2021, um Grupo de Trabalho (GT), criado pela Comissão para o Desenvolvimento Sustentável do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (CDSA/Mapa), desenvolveu um plano para reduzir em 50% as perdas alimentares até 2030. Entre as medidas sugeridas pelos pesquisadores estão:

  • o desenvolvimento e aperfeiçoamento de técnicas para mapear e entender o desperdício alimentar no Brasil;
  • uso de tecnologias consagradas e novas tecnologias para buscar maior preservação dos alimentos;
  • fortalecer e ampliar políticas e programas públicos que comprem e distribuam alimentos;
  • maior engajamento com esforços internacionais no segmento, buscando atingir os objetivos da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

Entre as novas tecnologias citadas pelos estudos está, por exemplo, a irradiação, uma técnica que pode auxiliar na preservação de alimentos. Entre as políticas públicas, cita-se a importância dos investimentos nos Bancos de Alimentos junto às Centrais de Abastecimento (Ceasas), e programas como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).

Esses programas garantem que produtores menores, que têm menos acesso à infraestrutura logística, consigam vender seus produtos com preços competitivos. Isso evita desperdício na produção, garante a oferta dos produtos, evitando flutuações nos preços em razão de problemas externos, e faz que a comida chegue a quem precisa.

O PAA é fundamental para alimentar programas de merenda, marmitas para pessoas em situação de rua e Cozinhas Solidárias em todo o País. Os investimentos no programa foram retomados após diversos cortes nos últimos anos e pode ser uma base para a retomada do combate à fome.

Vale ressaltar que qualquer investimento em infraestrutura também colabora para evitar o desperdício de alimentos. O Brasil depende das estradas, e a manutenção constante delas garante menos acidentes com caminhões, evitando queda de produtos no percurso e até diminuindo o custo de entrega, já que diminuem os riscos de acidentes e custos com manutenção.

Fontes: Embrapa, gov.br, ONU, FAO, Organização das Nações Unidas (ONU) – Brasil

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