Papel dos fertilizantes na descarbonização do agronegócio

6 de janeiro de 2023 4 mins. de leitura
Os fertilizantes são um dos principais insumos do agronegócio e podem contribuir para reduzir a pegada de carbono do setor

O agronegócio brasileiro é líder mundial de produção de alimentos com sustentabilidade, e os fertilizantes podem contribuir para consolidar essa posição. Em 2021, o País consumiu mais de 42,6 milhões de toneladas de adubo, o quarto maior volume global, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, Índia e China.

“O fertilizante em escala comercial foi a inovação que mais salvou vidas desde o princípio do século 19”, avaliou o diretor de contas globais da Yara Internacional, João Moraes, em evento promovido pelo Blue Studio do Estadão. Com o produto, foi possível aumentar a produção sem a necessidade de abrir novas fronteiras agrícolas, contribuindo para a redução do desmatamento e de emissões de carbono.

No entanto, o agronegócio brasileiro precisa comunicar melhor e precificar o seu papel na descarbonização do setor para ficar a frente de competidores internacionais. “A descarbonização exigirá números. Entramos numa era do ‘poupa Terra’ e ‘poupa clima’, na qual o Brasil é uma verdadeira potência agroambiental”, considera Moraes.

Fertilizantes verdes

Saco de fertilizantes do tipo bolinhas brancas ao fundo, e mão com luva azul segurando um punhado do produto
Os fertilizantes nitrogenados podem ser produzidos com tecnologia verde. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

A produção de fertilizantes utiliza gás natural, um combustível fóssil rico em hidrogênio e carbono, para extrair a amônia. A transição energética para matrizes mais limpas é um desafio para o setor. “A matriz energética do Brasil é muito mais limpa que a média dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico)”, pontuou o diretor da Yara.

Os fertilizantes verdes, produzidos a partir do biometano, podem reduzir em até 80% as emissões de gases de efeito estufa. Existe uma grande quantidade de resíduos e subprodutos das cadeias agroindustriais que podem ser processados em biodigestores para produzir gás natural – matéria-prima que pode ser usada na produção dos insumos.

“Há espaço para ser mais eficiente. A Yara vem fazendo a lição de casa. Entre 2005 e 2019, reduzimos em 45% nossas emissões na produção de fertilizante”, ressaltou Moraes. A empresa compartilha a tecnologia com outras empresas brasileiras, dos Estados Unidos, Índia e Europa, para ampliar o alcance dos benefícios da prática.

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Descarbonização do agronegócio

Imagem aérea de uma floresta, com nuvens brancas ao redor, e símbolo de check desenhado entre as árvores
O agronegócio brasileiro tem grande potencial para sequestrar carbono, mas merece ser remunerado pelo serviço. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Além de uma produção energética verde, o Brasil é exemplo para o mundo em práticas sustentáveis na agricultura. Muitas práticas, como o plantio direto e a Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF), foram desenvolvidas no País e contribuem para o crescimento da produtividade aliada à sustentabilidade do setor.

Iniciativas do poder público, como o programa de Agricultura de Baixo Carbono (programa ABC) e o Código Florestal Brasileiro, devem continuar contribuindo para reduzir as emissões da produção de alimentos no País. “Temos grandes desafios e não podemos ignorar o combate ao desmatamento ilegal”, pontuou o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto.

Além disso, o setor privado também se movimenta para contribuir com a limitação dos efeitos do aquecimento global. Em 2021, a Yara lançou a Agoro Carbon Alliance, uma plataforma que capacita os agricultores com boas práticas sustentáveis ao mesmo tempo que cria um marketplace para negociação dos créditos de carbono.

Fonte: Blue Studio Estadão, Yara

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