O Brasil já foi o maior produtor mundial de cacau, mas a vassoura-de-bruxa derrubou a produtividade do segmento
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O Brasil era o maior produtor mundial de cacau quando a vassoura-de-bruxa dizimou as lavouras da região de Ilhéus, no sul da Bahia. Desde então, deu-se início à busca de fungicidas que pudessem acabar com a monolíase, que é o fungo causador da doença, representando a esperança de 93 mil propriedades rurais, de acordo com o Censo Agropecuário.
Em 2013, a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) apresentou o biofungicida Tricovab como única arma contra a praga. Agora, o órgão testa cinco fungicidas desenvolvidos pela Sygenta com bons resultados em outros países. Alguns princípios ativos tiveram a eficácia comprovada em experimentos na Universidade de Campinas (Unicamp).
A empresa suíça de biotecnologia obteve o primeiro registro de fungicida contra a vassoura-de-bruxa no Brasil, o Amistar Top, que tem função preventiva no combate à doença e está sendo avaliado pela Ceplac. A companhia comercializa também o Bion 500 WG, que estimula a resistência à praga.
A cadeia do cacau gera R$ 18 bilhões em valor bruto de produção agropecuária e mais de 300 mil empregos. Considerando apenas o ramo industrial, o setor paga mais de R$ 2 bilhões em salários e R$ 1,2 bilhão em encargos sociais.
Essa importância econômica é concentrada no Pará, onde o cacau fatura R$ 1,9 bilhão, o que representa a terceira maior atividade do agronegócio, atrás apenas da pecuária bovina e da soja. Na Bahia, o setor gera R$ 1,7 bilhão, cerca de 5% do valor do produto da agropecuária no Estado.
Embora Bahia e Pará representem as 220 mil toneladas produzidas, que colocam o Brasil na sexta posição mundial no ranking do cacau, a amêndoa também é cultivada em Espírito Santo, Rondônia e Minas Gerais. Mesmo assim, o volume não consegue atender à indústria brasileira de moagem de cacau, que ainda precisa importar 20% do total que processa.
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A vassoura-de-bruxa atinge o cacaueiro e provoca a deformação das folhas, que ficam com aspecto de vassoura velha, além de afetar os frutos e até causar a morte da planta. A doença era endêmica da Amazônia, mas se espalhou pela região de Ilhéus, que era responsável pela liderança mundial do Brasil na produção da amêndoa.
O desafio do setor é a baixa produtividade gerada pelas doenças nas plantas. A Bahia é o Estado que mais sofre com a praga, que chega a devastar 75% da produção e gera desemprego e êxodo rural. Mais de 25 mil postos de trabalho diretos e indiretos estão relacionados com a produção bean to bar (do grão à barra) e a indústria de chocolate no Estado.
O sistema agroflorestal de cabruca, que planta cacaueiro na sombra de árvores na Mata Atlântica, é a principal forma de manejo para a produção no Brasil. Para fomentar tecnologias no cultivo sustentável, o Sistema Faeb/Senar e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) lançaram um desafio tecnológico com subsídio de R$ 100 mil.
Três startups finalistas foram selecionadas para desenvolver soluções aplicáveis em propriedades rurais produtoras de cacau, em especial para servir como base da autorização do manejo de cabruca, como o Inventário Florestal.
Fonte: Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frutas (Abrafrutas), Syngenta, Revista da Fruta.