Como tratar a vassoura-de-bruxa em plantações de cacau e cupuaçu?

14 de dezembro de 2022 4 mins. de leitura
Vassoura-de-bruxa devastou plantações na Costa do Cacau e causou impactos no mercado mundial do produto

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O Brasil foi o maior produtor de cacau do mundo no início do século 20. No fim da década de 1980, o País ocupava a segunda posição, quando a vassoura-de-bruxa chegou à região de Ilhéus, no sul da Bahia, e devastou plantações inteiras, provocando queda no preço da fruta no mercado internacional.

De exportador, o Brasil passou a ser importador do produto. O volume produzido caiu de 390 mil toneladas, em 1988, para 123 mil, em 2000. A partir de 1998, a importação de cacau se tornou necessária para atender ao consumo interno. A vassoura-de-bruxa também fez a Bahia perder para o Pará o posto de maior produtor nacional.

A doença continua sendo o maior desafio para os pomares de cacaueiro e ainda atinge as árvores de cupuaçu, espécie “prima” do cacau. As estratégias de manejo permitem manter a produção em torno de 250 mil toneladas de cacau por ano ao prevenir e tratar a praga. Conheça o que é e como produzir o fruto apesar da vassoura-de-bruxa.

Como a vassoura-de-bruxa age na plantação?

Homem sorrindo embaixo de pés de cacau
Com a vassoura-de-bruxa controlada, fazendas conseguem produzir cacau de forma saudável. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

A vassoura-de-bruxa é uma doença causada pelo fungo Moniliophthora perniciosa, que provoca deformação, apodrecimento e morte de cacaueiros e cupuaçuzeiros. Os sintomas da enfermidade são folhas e galhos secos, que deixam as plantas semelhantes a uma vassoura velha, daí o nome popular da praga.

O fungo altera o equilíbrio hormonal da planta, levando ao crescimento excessivo dos tecidos infectados de forma semelhante a um câncer. “Por essa razão, a vassoura-de-bruxa debilita e leva à queda na produtividade dos cacaueiros”, diz o engenheiro agrônomo Antônio Figueira, professor titular do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (Cena-USP) e líder da pesquisa.

A praga provocou danos econômicos, sociais e ambientais, como o endividamento de fazendeiros e o desemprego massivo nas fazendas, além de dificultar a preservação da Floresta Atlântica, bioma preservado para promover a “cabruca”, região sombreada que permite o desenvolvimento do cacau e do cupuaçu.

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Como tratar a vassoura-de-bruxa?

Fruta cupuaçu ainda pendurada na árvore
Cupuaçuzeiros também podem ser atingidos pela vassoura-de-bruxa. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

As plantas sadias podem coexistir com as doentes, mas é necessário ter um cuidado extra e constante. A propagação do fungo deve ser evitada com a poda drástica dos ramos infectados para reduzir os drenos metabólicos, conforme a prática contínua estabelecida nos pomares de cacau, o que eleva a necessidade de mão de obra.

O desenvolvimento de estudos genéticos no cacaueiro é difícil porque a planta demora dois anos para começar a produzir frutos. No entanto, cientistas utilizaram o tomateiro micro-tom para aprofundar os entendimentos sobre a doença e desenvolver possíveis tratamentos mais efetivos contra a praga.

Pesquisadores suspeitavam que o fungo da vassoura-de-bruxa provocava desequilíbrio hormonal ao infectar o tomateiro e conseguiram identificar plantas mutantes com genes de síntese que eram menos suscetíveis aos sintomas provocados pela praga. Em laboratório, desenvolveram inibidores sintéticos capazes de reverter a doença, porém mais estudos serão necessários para que o produto possa chegar ao mercado.

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Fonte: Agência Fapesp, New Phytologist, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)

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