Desmatamento da Amazônia: Inpe aponta queda de 70% em janeiro

5 de março de 2021 4 mins. de leitura
Governo credita queda do desmatamento na Amazônia a ações do Exército, mas ambientalistas afirmam que chuvas na região foram responsáveis pela redução

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O desmatamento da Amazônia Legal teve uma redução de 70% em janeiro de 2021 quando comparado ao mesmo mês do ano passado. De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a área desmatada foi de 84 quilômetros quadrados este ano contra 284 quilômetros quadrados em janeiro de 2020.

O resultado foi o melhor dos últimos quatro anos, conforme informação do Ministério da Defesa. A pasta atribuiu a redução às ações do Conselho Nacional da Amazônia Legal na região, em especial da Operação Verde Brasil 2, que foi iniciada em maio de 2020 e tem seu encerramento previsto para abril deste ano.

No entanto, ambientalistas afirmam que a diminuição no ritmo de devastação da floresta está relacionada ao aumento de chuvas. Historicamente, a queda nos alertas de desmatamento entre dezembro e fevereiro está relacionada à forte cobertura de nuvens nesta época do ano na região. Apesar da queda no mês, o período de agosto do ano passado até janeiro deste ano registrou um desmatamento de 3.772 quilômetros, segunda pior temporada dos dados disponibilizados pelo Inpe.

Medição do desmatamento da Amazônia

Nuvens podem ter atrapalhado o satélite na medição do desmatamento da Amazônia em janeiro. (Fonte: Shutterstock/Darryl Fonseka/Reprodução)
Nuvens podem ter atrapalhado o satélite na medição do desmatamento da Amazônia em janeiro. (Fonte: Shutterstock/Darryl Fonseka/Reprodução)

Os dados do desmatamento na Amazônia são medidos pelo Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), que reúne indicativos de incêndios e garimpo ilegal, e consolidados pelo Programa de Monitoramento do Desmatamento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (Prodes). Ambas as ferramentas são administradas pelo Inpe.

O ano de referência para a medição do desmatamento da Amazônia é iniciado em agosto e finalizado em julho, de acordo com especialistas. O último levantamento indicou alta de 9,5% entre agosto de 2019 e julho de 2020.

Em nota, o Ministério da Defesa afirma que “o Grupo de Integração para Proteção da Amazônia (Gipam) faz a fusão e verificação de informações disponíveis nos bancos de dados de agências de proteção ambiental e órgãos policiais e elabora relatórios que mostram detalhes sobre onde ocorre o desmatamento e o garimpo ilegal”.

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Impacto para o agronegócio

98% das áreas utilizadas para a expansão da soja no bioma amazônico na última década já estavam abertas. (Fonte: Shutterstock/PARALAXIS/Reprodução)
98% das áreas utilizadas para a expansão da soja no bioma amazônico na última década já estavam abertas. (Fonte: Shutterstock/PARALAXIS/Reprodução)

O desmatamento da Amazônia tem prejudicado a imagem do agronegócio brasileiro no mercado internacional. Após declarações de líderes mundiais, que expressaram preocupação com a redução do bioma, as retaliações começaram a ter efeito prático. O banco BNP Paribas, o maior da França, anunciou o fim do financiamento para empresas que produzem ou compram carne bovina ou soja cultivadas em terras desmatadas ou convertidas na Amazônia após 2008, data considerada um marco para a preservação da floresta

Segundo artigo publicado no Canal Agro pela produtora rural Camila Telles, desde 2008 a soja produzida no bioma Amazônia no Brasil é livre de desmatamento. A esmagadora maioria das áreas utilizadas para a expansão da soja no bioma Amazônia na última década ocorreu em áreas já abertas.

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Fonte: Agência Brasil, Reuters, Deutsche Welle.

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