Tatuagem é alternativa para marcação de gado com ferro quente
A difusão do vídeo de uma veterinária marcando a cara de um bezerro a ferro quente, em Tocantins, motivou o deputado federal Célio Studart (PSD-CE) a propor o Projeto de Lei nº 2.658/2022, que visa proibir a marcação de gado com fogo na pecuária. Atualmente, a prática é permitida por uma legislação aprovada há mais de 50 anos.
A marcação a ferro candente foi muito utilizada, tradicionalmente no Brasil, para a identificação dos rebanhos. Cada fazenda tinha a própria marca, realizada com fogo no quarto traseiro do gado; depois, o sistema de registo evoluiu e passou a ter números de controles individuais das propriedades, também marcados com ferro.
A prática, além de prejudicar o bem-estar dos animais, desvaloriza o couro após os abates, causando prejuízo econômico. Mesmo antes da proposição da lei, pecuaristas já tinham começado a abandonar a prática e optar por alternativas mais eficientes, como a tatuagem, e pressionar as associações a flexibilizar as regras de identificação.
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Tatuagem para marcar gado
Desde 2014, o produtor Angelo Tellechea, da Cabanha Umbu, em Uruguaiana (RS), deixou o ferro e o fogo como sistema de registro dos animais e passou a adotar a técnica de tatuagem. O registro é realizado na face interna de ambas as orelhas, com equipamento e tinta apropriados para promover o bem-estar do rebanho.
A identificação é realizada nas primeiras horas de vida do animal. “Todos os nossos bovinos são pré-identificados ao pé da mãe, logo após o nascimento”, garantiu o pecuarista. O registro segue a ordem cronológica dos partos, antes do desmame, e as características dos animais.
A tatuagem contém a indicação dos pais, o local de nascimento, as propriedades por onde o animal passou e quem é o proprietário atual. “A única coisa que muda é o nome do proprietário no registro genealógico”, explica o gerente de Fomento da Associação Brasileira de Angus, Mateus Piveta. Dessa forma, a técnica funciona como uma “certidão de nascimento” do animal.
Vantagens do gado tatuado
A principal preocupação em abandonar o sistema de marcação a fogo é com o bem-estar do animal, por isso o sistema de tatuagem pode ajudar a definir todo o comportamento do gado ao longo da vida. “Condutas respeitosas em todos os manejos fazem que os bovinos se comportem de maneira plenamente calma”, observa Tellechea.
A tatuagem faz parte de um sistema maior de cuidado com o rebanho. O grau mínimo de estresse animal contribui para melhores resultados reprodutivos, sanitários, avaliativos, entre outros. Na propriedade, as condutas adequadas de bem-estar ficam expostas em placas orientativas para os profissionais que lidam com os animais.
O registro também se tornou mais simplificado e eficiente. “O criador de angus que optar por não fazer nenhuma marcação a fogo consegue registrar o animal e emitir o selo pensando no bem-estar do rebanho”, comenta o gerente de Fomento. Caso seja aprovado, o PL deve apenas proibir uma prática já abandonada por parte da pecuária.
Fonte: Vegazeta, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Mateus Piveta/Associação Brasileira de Angus, Angelo Tellechea/Cabanha Umbu
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