Quebra de safra do milho no Sul gera déficit de 9 milhões de toneladas

3 de março de 2022 4 mins. de leitura
Consultoria aponta que criadores de animais da Região Sul devem importar um volume maior de milho de outros estados e países

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A colheita de milho verão começou na Região Sul do Brasil, e os produtores calculam os prejuízos provocados pela longa estiagem. Estimativas apontam que deve haver uma quebra de safra de 50% no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Paraná. Com isso, o déficit regional deve alcançar um volume de 9,3 milhões de toneladas (MT).

Normalmente, a produção dos gaúchos e de catarinenses não consegue abastecer a demanda interna dos estados. A TF Consultoria Agroeconômica calcula que o déficit natural do Rio Grande do Sul é de 2,5 MT e de Santa Catarina 3,5 MT para atender à procura normal. Com a quebra de safra, os gaúchos precisarão de mais 2,5 MT e os catarinenses de outros 5 MT.

Os paranaenses, que são autossuficientes na produção do grão, esperavam colher 4,2 MT, mas a Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná já reduziu a estimativa para 2,4 MT. Dessa forma, o estado deverá passar de exportador do grão para comprador, de forma semelhante ao que aconteceu na quebra de safra de 2021.

Safra brasileira de milho

Período de seca provocou quebra de safra de milho no Sul do Brasil pelo segundo ano consecutivo. (Fonte: Couleur/Pixabay/Reprodução)
Período de seca provocou quebra de safra de milho no Sul do Brasil pelo segundo ano consecutivo. (Fonte: Couleur/Pixabay/Reprodução)

A estimativa para a safra de verão brasileira recuou de 27,9 MT para 22,6 MT, segundo relatório da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Céleres/Abramilho), com possibilidade de nova revisão a depender das condições climáticas nas próximas semanas. As maiores perdas estão concentradas na Região Sul.

Outros estados, no entanto, apresentam uma expectativa de aumento de volume. A Abramilho estima que a produção total das três temporadas no Mato Grosso deve passar de 32,42 MT na safra 20/21 para 41 MT em 21/22, enquanto Goiás sairá de 8,43 MT para 13 MT, Mato Grosso do Sul de 6,48 MT para 11 MT e Minas Gerais de 6,3 MT para 9 MT.

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Importação do cereal

O aumento expressivo no volume de produção de milho em alguns estados pode ajudar a recompor o estoque do cereal para a alimentação de bovinos, suínos e aves. O Rio Grande do Sul e Santa Catarina já costumam importar o cereal, mas devem elevar o volume de compras.

A TF calcula que as lavouras de Mato Grosso do Sul devem fornecer um volume extra de 2 MT do cereal para os dois estados. Os pecuaristas, suinocultores e avicultores gaúchos e catarinenses devem comprar 1 MT a mais de Goiás e ainda 0,57 MT do Mato Grosso e Minas Gerais.

Além disso, será necessário importar mais grão de fora do Brasil para recompor as perdas causadas pela quebra de safra. A maior parte do milho estrangeiro deve vir da Argentina, com um volume estimado em 1,75 MT, e do Paraguai, com 1,6 MT, de acordo com estimativa da TF.

Custo do milho

Custo de frete pode aumentar devido a longas distâncias das compras. (Fonte: 445693/Pixabay/Reprodução)
Custo de frete pode aumentar devido a longas distâncias das compras. (Fonte: 445693/Pixabay/Reprodução)

O Indicador do Milho ESALQ/BM&FBOVESPA saiu de R$ 84,19 em novembro de 2021 para chegar próximo ao patamar de R$ 100 a saca de 60 kg no final de janeiro, quando o cereal da temporada de verão ainda está sendo colhido. Geralmente, os preços do grão se elevam mais substancialmente entre março e abril, no final da colheita.

A importação do cereal da Argentina, onde está cotado a R$ 108 a saca, gera uma expectativa de aumento de custo. Mas, de acordo com a TF Consultoria, o grão importado poderá ser mais barato devido a compras de grandes importadores que costumam reduzir o prêmio pago. Além disso, o preço mais barato no mercado interno, como Goiás, deve segurar a cotação.

A maior preocupação de pecuaristas, avicultores e suinocultores da Região Sul deverá ser o custo do frete. Como o cereal deverá percorrer longas distâncias, poderá haver dificuldade em achar caminhões, e o valor do transporte deve subir, avalia a TF. Entre novembro de 2021 e o final de janeiro de 2022, os fretes de longas distâncias já ficaram 26,63% mais caros.

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Fonte: Agrolink, Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). 

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