Azospirillum brasilense: como auxiliar no crescimento do milho

14 de dezembro de 2021 4 mins. de leitura
Mercado de fertilizantes deve crescer nos próximos anos, e a Azospirillum pode ajudar a reduzir a dependência brasileira do mercado internacional

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A utilização da bactéria Azospirillum brasilense pode ajudar a proporcionar uma maior independência das lavouras brasileiras de milho ao mesmo tempo que auxilia no aumento de produtividade do grão. A espécie foi descrita pela primeira vez em 1925; entretanto, o primeiro inoculante comercial feito a partir dela foi lançado apenas em 2009.

O Brasil é um dos principais produtores mundiais de milho, mas enfrenta gargalos que podem limitar o crescimento da agropecuária. Um dos principais problemas do setor é a forte dependência externa de fertilizantes — cerca de 76% desses insumos são importados a um custo aproximado de R$ 56 bilhões por ano, segundo relatório da consultoria Cogo, especializada em agronegócio.

A crise mundial de contêineres, a elevação do custo da energia e outras questões envolvendo importantes países produtores fizeram o preço dos fertilizantes com base em potássio, fósforo e nitrogenados bater recordes no mercado global e geraram uma preocupação com o desabastecimento desses produtos para as próximas safras. Por isso, é urgente que o Brasil procure alternativas nacionais viáveis para garantir a fertilização de suas lavouras.

O que é a Azospirillum?

Azospirillum foi descoberta em 1925 pelo microbiologista holandês Martinus Beijerinck. (Fonte: NatalieIme/Shutterstock/Reprodução)
Azospirillum foi descoberta em 1925 pelo microbiologista holandês Martinus Beijerinck. (Fonte: NatalieIme/Shutterstock/Reprodução)

A Azospirillum é um gênero de bactérias promotoras de crescimento de plantas (BPCP). Esse grupo de microrganismos são capazes de colonizar superfícies radiculares, da rizosfera, da filosfera e de tecidos internos dos vegetais para estimular o crescimento das plantas. Entre os processos promovidos, estão a fixação biológica do nitrogênio (FBN) e a síntese de hormônios de plantas.

Atualmente, existem mais de 20 espécies da bactéria descritas pelos cientistas. A Azospirillum brasilense foi estudada por um grupo sob a liderança da dra. Johanna Döbereiner, que descobriu a capacidade da bactéria de fixar nitrogênio nas plantas durante a década de 1970. A espécie proporciona benefícios comprovados para as culturas de milho, trigo e arroz.

O microrganismo consegue estimular o crescimento das plantas, mesmo em condições de salinidade, estresse hídrico, condições ácidas, além de limitação de recursos de carbono e estresse pela produção de diferentes hormônios vegetais, incluindo auxinas. A Azospirillum brasilense se mostrou capaz também de produzir poliamina, o que resulta no aumento do crescimento radicular e alivia o estresse osmótico.

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Para que serve o inoculante de milho?

À esquerda, uma raiz não inoculada, e, à direita, uma inoculada com Azospirillum brasilense. (Fonte: Total Biotecnologia/Reprodução)
À esquerda, uma raiz não inoculada, e, à direita, uma inoculada com Azospirillum brasilense. (Fonte: Total Biotecnologia/Reprodução)

O milho é uma cultura que foi introduzida no Brasil, portanto os solos do País não têm a composição adequada para atender à demanda de nutrientes da cultura. A planta tem uma grande necessidade de nitrogênio, especialmente no início da lavoura, quando o suprimento insuficiente pode comprometer a produtividade.

Para garantir uma boa formação dos vegetais, os adubos nitrogenados são amplamente utilizados nos milharais. Entretanto, o insumo apresenta uma baixa eficiência de aproveitamento dos nutrientes, e seu uso pode representar riscos de poluição ambiental, além de um alto custo. Isso tem levado a busca por alternativas que permitam reduzir a quantidade aplicada ou impulsionem o efeito no aumento do crescimento e da produção do milho.

Dessa forma, a inoculação da Azospirillum brasilense como insumo biológico nas raízes do milho pode reduzir os custos econômicos e ambientais causados pelo constante uso intensivo de fertilizantes nitrogenados industrializados. A aplicação da bactéria sobre as folhas pode atenuar estresses relativos à sua adaptação no solo, como temperatura, umidade e competição com microrganismos nativos.

Fonte: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Revista Oeste, Revista Ibero-Americana de Ciências Ambientais.

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