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Entenda o que é a estiagem e quais são seus efeitos

Fenômeno da estiagem pode ser causado pela ausência de chuvas naturais e pela ação humana

5 minutos de leitura

14/01/2022

Os fenômenos climáticos que aconteceram em 2020 e continuam em 2021 causaram prejuízos para boa parte da população brasileira e diversos setores produtivos. Enquanto Sul, Sudeste e Centro-Oeste viram a maior seca dos últimos 100 anos, a Região Norte sofreu com grandes inundações. 

Apesar de grande parte do problema ter sido causado pelo fenômeno natural La Niña, parte dos pesquisadores tem medo que os efeitos do desmatamento e das queimadas possam gerar danos permanentes no ciclo da água no Brasil.

Estima-se que até o início de novembro de 2021, o índice de chuvas tenha sido 25% menor do que a média de 1980 a 2019 — a tendência de queda vem se repetindo desde 2012. Segundo o Monitor de Secas da Agência Nacional de Águas, as Regiões Centro-Oeste, Nordeste, Sudeste e Sul apresentaram focos de seca, com as piores situações tendo sido verificadas no noroeste paulista, no Triângulo Mineiro e no oeste de Santa Catarina. Além das situações de seca, boa parte do País sofreu com as estiagens. Vamos entender as diferenças entre os fenômenos.

O que é estiagem?

Segundo a Secretaria de Defesa Civil (Sedec) do Ministério da Integração, a estiagem é um período com um registro baixo ou zerado de índice pluviométrico. Este mede, em milímetros, a quantidade de chuva em 1 metro quadrado de determinado local. Fica categorizada a estiagem quando o solo perde mais umidade do que é reposto pelas precipitações.

Já a seca corresponde ao período de estiagem prolongada que gera tempo seco e desequilíbrio hidrológico grave.

Períodos de estiagem prolongados geram a seca. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Além da ausência de chuvas, as secas e as estiagens podem ser causadas por intervenção humana quando se maneja de modo inadequado corpos hídricos e bacias hidrográficas.

Estiagem e agronegócio

A ausência de chuvas causa uma série de dificuldades para o agronegócio, não só pela influência direta nas safras, mas também por atingir toda a cadeia produtiva e a logística de distribuição. A baixa umidade do solo é uma das maiores causas de atraso de plantio no Brasil e a falta de chuvas regulares durante o desenvolvimento das plantas afeta a qualidade final da maioria dos produtos agrícolas.

Além disso, a baixa vazão dos rios e das bacias hidrográficas aumenta instantaneamente o preço da energia no País, que é dependente da energia hidrelétrica. Rios baixos também são problemas para a distribuição de algumas das principais commodities produzidas no Brasil, já que as hidrovias são responsáveis pela chegada aos portos de milhões de toneladas de grãos produzidos no País anualmente. Conforme a vazão baixa, as empresas são obrigadas a fazer o transporte em navios de calado menor, que carregam menos produtos.

A hidrovia Tietê-Paraná, uma das mais importantes do País, e que passa pelos Estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais, é fundamental para o escoamento de grãos. Com a seca de 2020 e 2021, a hidrovia atingiu níveis críticos, e os transportes estão suspensos até o final de novembro, segundo o Sindicato dos Armadores de Navegação Fluvial do Estado de São Paulo (Sindasp).

Transporte de grãos na hidrovia Tietê-Paraná. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

A perda na capacidade do uso de hidrovias significa a necessidade de fazer o transporte por caminhões. Porém, o transporte rodoviário é mais caro devido ao preço dos combustíveis e de seguros, às condições das estradas e ao perigo de acidentes.

Com todo o efeito dominó decorrente da ausência das chuvas, estima-se que o prejuízo para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro causado na safra 2020/2021 tenha ficado na casa dos R$ 60 bilhões.

Estiagem em várias regiões do Brasil

Em 2020, o Brasil sofreu a maior seca desde que o fenômeno começou a ser medido, em 1910. Então, 40% do território do País sofreu com a falta de chuva e, pelo menos, 2.445 municípios foram afetados.

A seca atual tem um caráter diferente do que o Brasil está acostumado, os estados mais afetados foram os da Região Sul, Sudeste, Centro-Oeste e uma parte da Bahia. Um dos responsáveis pela falta de chuva foi um fenômeno climático natural, que é o oposto do El Niño, o La Niña. Este ocorre pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico, que aumentam a ocorrência de frentes frias e fazem que as chuvas aconteçam antes de chegar ao continente.

Além disso, o efeito do desmatamento amazônico foi amplamente sentido, visto que a evaporação da umidade da floresta é distribuída por ventos para o centro e o sul do País. Com desmatamento e queimadas recordes, a umidade não chegou, “alimentando” ainda mais a seca.

Recorde de queimadas afetaram a distribuição de chuvas em todo o Brasil. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Algumas regiões concentram boa parte da produção de determinados produtos, assim vimos, nesta safra, boa parte do café brasileiro plantado em Minas Gerais e arredores ser perdida, com o produto tendo um aumento médio de 28% no preço ao consumidor.

A Região Sudeste foi afetada, e o chamado cinturão citrícola produziu cerca de 10% a menos do que a média das últimas dez safras. Em Santa Catarina, 90 municípios foram afetados e chegaram a perder 50% da área de plantio.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) do Brasil estima que os reservatórios hidrelétricos nacionais devam terminar 2021 com apenas 10% da sua capacidade, um recorde de baixa. A esperança é que o La Niña, o qual deve continuar em ação até março de 2022, tenha efeitos mais moderados até lá.

Fonte: Opersan, Inea, Epagri, Paraná Portal, Clima Info, Fundecitrus.

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