Consultoria aponta que criadores de animais da Região Sul devem importar um volume maior de milho de outros estados e países
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A colheita de milho verão começou na Região Sul do Brasil, e os produtores calculam os prejuízos provocados pela longa estiagem. Estimativas apontam que deve haver uma quebra de safra de 50% no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Paraná. Com isso, o déficit regional deve alcançar um volume de 9,3 milhões de toneladas (MT).
Normalmente, a produção dos gaúchos e de catarinenses não consegue abastecer a demanda interna dos estados. A TF Consultoria Agroeconômica calcula que o déficit natural do Rio Grande do Sul é de 2,5 MT e de Santa Catarina 3,5 MT para atender à procura normal. Com a quebra de safra, os gaúchos precisarão de mais 2,5 MT e os catarinenses de outros 5 MT.
Os paranaenses, que são autossuficientes na produção do grão, esperavam colher 4,2 MT, mas a Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná já reduziu a estimativa para 2,4 MT. Dessa forma, o estado deverá passar de exportador do grão para comprador, de forma semelhante ao que aconteceu na quebra de safra de 2021.
A estimativa para a safra de verão brasileira recuou de 27,9 MT para 22,6 MT, segundo relatório da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Céleres/Abramilho), com possibilidade de nova revisão a depender das condições climáticas nas próximas semanas. As maiores perdas estão concentradas na Região Sul.
Outros estados, no entanto, apresentam uma expectativa de aumento de volume. A Abramilho estima que a produção total das três temporadas no Mato Grosso deve passar de 32,42 MT na safra 20/21 para 41 MT em 21/22, enquanto Goiás sairá de 8,43 MT para 13 MT, Mato Grosso do Sul de 6,48 MT para 11 MT e Minas Gerais de 6,3 MT para 9 MT.
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O aumento expressivo no volume de produção de milho em alguns estados pode ajudar a recompor o estoque do cereal para a alimentação de bovinos, suínos e aves. O Rio Grande do Sul e Santa Catarina já costumam importar o cereal, mas devem elevar o volume de compras.
A TF calcula que as lavouras de Mato Grosso do Sul devem fornecer um volume extra de 2 MT do cereal para os dois estados. Os pecuaristas, suinocultores e avicultores gaúchos e catarinenses devem comprar 1 MT a mais de Goiás e ainda 0,57 MT do Mato Grosso e Minas Gerais.
Além disso, será necessário importar mais grão de fora do Brasil para recompor as perdas causadas pela quebra de safra. A maior parte do milho estrangeiro deve vir da Argentina, com um volume estimado em 1,75 MT, e do Paraguai, com 1,6 MT, de acordo com estimativa da TF.
O Indicador do Milho ESALQ/BM&FBOVESPA saiu de R$ 84,19 em novembro de 2021 para chegar próximo ao patamar de R$ 100 a saca de 60 kg no final de janeiro, quando o cereal da temporada de verão ainda está sendo colhido. Geralmente, os preços do grão se elevam mais substancialmente entre março e abril, no final da colheita.
A importação do cereal da Argentina, onde está cotado a R$ 108 a saca, gera uma expectativa de aumento de custo. Mas, de acordo com a TF Consultoria, o grão importado poderá ser mais barato devido a compras de grandes importadores que costumam reduzir o prêmio pago. Além disso, o preço mais barato no mercado interno, como Goiás, deve segurar a cotação.
A maior preocupação de pecuaristas, avicultores e suinocultores da Região Sul deverá ser o custo do frete. Como o cereal deverá percorrer longas distâncias, poderá haver dificuldade em achar caminhões, e o valor do transporte deve subir, avalia a TF. Entre novembro de 2021 e o final de janeiro de 2022, os fretes de longas distâncias já ficaram 26,63% mais caros.
Fonte: Agrolink, Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).