Cenoura alcançou o maior preço nos últimos 15 anos, de acordo com série histórica realizada pelo Cepea
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O preço da cenoura dobrou nos primeiros meses de 2022 em todas as regiões acompanhadas pelo grupo HF Brasil. Em alguns casos, o valor do legume chegou a quadruplicar entre janeiro e março deste ano. A alta também foi sentida no supermercado, onde o produto é vendido a mais de R$ 10 por quilo.
Em Minas Gerais, o Estado responsável por mais da metade da produção nacional de cenoura, a caixa de 29 kg vendida pelo produtor saiu de R$ 60 no começo do ano para R$ 140 na terceira semana de março, um avanço de 133%.
Na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), a caixa de 20 kg da cenoura “A” vendida no atacado saltou de R$ 30 para R$ 130 no mesmo período, uma alta de mais de 300%.
Em fevereiro, a cenoura foi o alimento com maior variação de preços, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A raiz subiu, em média, 55,41% ao longo do mês no Brasil, com a alta chegando até 88%, como no caso de Vitória (ES).
A grande oferta de cenoura no primeiro semestre de 2021 derrubou os preços e comprometeu a rentabilidade das lavouras. As cotações reagiram no segundo semestre, mas a alta de custos reduziu o poder de capitalização dos produtores. Com isso, os investimentos para a safra de verão 2021/2022 foram limitados, contribuindo para a redução da produção.
Além disso, as plantações foram prejudicadas por eventos climáticos adversos. Em Minas Gerais e Goiás, o excesso de chuvas em janeiro e fevereiro deixou o solo extremamente úmido, causando doenças como a “mela” e o “dedo”. O ciclo normal de plantio foi encurtado e as cenouras foram colhidas miúdas, sem o desenvolvimento completo.
Já no Rio Grande do Sul e Paraná, a estiagem limitou a água disponível para a irrigação, o que afetou o crescimento das raízes. Por isso, as cenouras não alcançaram o padrão de comercialização “AAA”.
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O volume produzido foi insuficiente para abastecer a demanda, o que garantiu a comercialização do produto com baixa qualidade e provocou a elevação de preços. E, apesar do grande percentual de descarte, a valorização da raiz proporcionou boa rentabilidade aos produtores.
Com o fim das chuvas nas áreas produtoras registrado em março, os produtores estão mais esperançosos e o volume pode aumentar, segundo relato da HF Brasil. Ainda assim, até o final do primeiro semestre, a oferta deve continuar menor do que em 2021, contribuindo para a manutenção dos preços.
Alguns agricultores estão antecipando, de julho para abril, o plantio da safra de inverno, uma vez que a variedade plantada nessa temporada é mais resistente aos nematoides.
Esse adiantamento da safra pode amenizar a restrição de oferta. No entanto, a curto prazo, os preços devem continuar subindo e só se estabilizará na próxima colheita.
Fonte: Agência de Notícias IBGE, HFBrasil.