Cerca de 11 plantas frigoríficas foram paralisadas, o que causou queda de 3,5% no preço da arroba do boi em 5 dias
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A crise causada pela pandemia do coronavírus está atingindo os pequenos frigoríficos. De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), de 30 de março a 3 de abril três frigoríficos do Mato Grosso do Sul entraram em férias coletivas. No total, 11 plantas estão paralisadas, o que causa desvalorização do preço da arroba ao produtor. A queda chegou a 3,5% em cinco dias.
Representantes da CNA afirmam que, em março, os três maiores frigoríficos anunciaram férias coletivas em algumas de suas unidades. Esse fator gerou consequências nas cotações na semana em que as atividades das plantas foram realmente interrompidas.
Segundo um levantamento feito pela Scot Consultoria, os frigoríficos brasileiros já reduziram a produção em mais de 45% neste ano. A razão está relacionada à escassez de matéria-prima para produção, ao aumento dos custos e ao enfraquecimento do mercado interno. O estado que apresenta a maior taxa de ociosidade entre os 13 considerados na pesquisa é a Bahia, cujo percentual chegou a 60%, fazendo que os frigoríficos reduzissem as operações para controlar gastos.
Ainda de acordo com a CNA, o setor conta com o apoio do governo federal para manter o abastecimento de alimentos no País e apoiar produtores no enfrentamento dessa crise. Uma das ações é a isenção do Programa de Integração Social e do Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/Pasep), que incide sobre a suplementação animal, com o objetivo de contribuir para a redução dos custos de produção e garantir maior competitividade.
Muitos pequenos frigoríficos estão diminuindo a quantidade de abates para duas a três vezes na semana enquanto outros mantêm a frequência diária, mas reduzem a quantidade de animais abatidos. As ações são estratégias do setor para sobreviver em meio à crise causada pela pandemia da covid-19.
O cenário aquecido de exportações também intensificou os problemas dos pequenos frigoríficos e daqueles que dependem apenas do mercado interno. A demanda do produto na China fez com que a procura das indústrias frigoríficas pelos animais aumentasse, e isso prejudica os produtores menores que não têm certificação para exportação.
A estratégia adotada pelos pequenos negócios foi abater os animais e enviá-los para serem processados em plantas menores. Assim, a margem de comercialização da carcaça bovina superou a de carne desossada. De acordo com a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), esse tipo de cenário é crítico, já que a carne desossada tem maior valor agregado.
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Em entrevista ao Money Times, o presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do Pará (Sindicarnes Pará), Daniel Freire, afirma que uma alternativa positiva para melhorar a situação dos pequenos frigoríficos, mesmo que em longo prazo, é acelerar a lista de espera em mercados que já compram de empresas menores, como a China. Outra iniciativa é o Brasil correr atrás de novas habilitações em mercados importantes.
A Scot Consultoria afirma, em notícia oficial, que tem observado melhorias na oferta, suficientes para que os frigoríficos aumentem um pouco as escalas e testem o mercado com alguma efetividade. Contudo, de maneira geral, os abates seguem baixos. De acordo com a companhia, houve alta de 2% no atacado, a maior em 13 semanas, e foi registrado aumento de 2,3% no corte traseiro, dado diferente do observado nos últimos meses, indicando melhora no consumo doméstico.
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Fonte: Estadão, Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Money Times, Scot Consultoria, Abrafrigo.