O que explica a alta do preço da carne nos açougues?

16 de março de 2021 3 mins. de leitura
Carne bovina teve aumento de 23,64%, o que reduziu o consumo brasileiro da proteína por habitante

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A carne bovina teve aumento de 23,64% para o cliente final na comparação entre janeiro de 2020 e janeiro de 2021, segundo levantamento realizado pela Associação Paulista de Supermercados (Apas). A alta fez que o consumo brasileiro da proteína caísse para 29,3 quilos por habitantes no ano passado, em redução de 5% se comparado aos níveis de 2019, chegando ao menor índice desde 1996, quando a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) começou a realizar a série histórica.

A elevação do valor da carne, no entanto, não significa ganho maior para os pecuaristas; isso porque diversos fatores internos e externos têm influência direta na composição do custo de produção e na variação do preço da proteína.

Alta do preço do boi gordo

Reposição do plantel teve impacto no preço final do boi gordo. (Fonte: Shutterstock/Valentina De Menego/Reprodução)
Reposição do plantel teve impacto no preço final do boi gordo. (Fonte: Shutterstock/Valentina De Menego/Reprodução)

O preço do animal terminado alcançou, no início de fevereiro, a cotação de R$ 300 por arroba, bruto e à vista, em São Paulo. O valor representa alta de mais de 57% em relação ao mesmo período do ano passado, quando a arroba custava R$ 190, e quase o dobro em relação a 2019, quando o boi gordo era negociado a R$ 152 por arroba.

Esse movimento foi puxado principalmente pela reposição do plantel. Entre 2015 e 2018, a pecuária brasileira teve baixa atratividade para a produção de bezerros, o que levou ao abate de fêmeas e à redução do número de matrizes e, consequentemente, de crias. No último trimestre de 2018, as cotações de bezerro começaram a reagir à baixa disponibilidade, o que gerou tendência de alta dos preços pagos pelos animais.

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Influência externa na carne bovina

Demanda internacional de insumos como soja ajudam a explicar o aumento do custo de produção da pecuária brasileira. (Fonte: Shutterstock/lourencolf/Reprodução)
Demanda internacional de insumos como soja ajudam a explicar o aumento do custo de produção da pecuária brasileira. (Fonte: Shutterstock/lourencolf/Reprodução)

A variação acumulada do Custo Operacional Efetivo subiu consideravelmente em 2020, comprometendo a lucratividade dos pecuaristas. De acordo com um relatório divulgado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a alta chegou a 45% nos sistemas de recria e engorda no Estado do Mato Grosso.

O aumento dos custos foi impulsionado pela alta da ração animal causada pela procura internacional por soja. A recuperação do plantel de suínos na China, por exemplo, gerou demanda recorde do grão em 2020, quando foram embarcadas 16,9 milhões de toneladas. O milho também teve exportação nacional significativa no período. Além disso, as vendas de carne bovina para atender aos pedidos internacionais ajudaram a reduzir os estoques dos grãos no mercado interno.

Com o aumento do custo para o produtor, a redução do rebanho produtivo e a atratividade do mercado internacional, os preços no mercado brasileiro decolaram. 

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Fonte: Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Beef Point, Associação Paulista de Supermercados (Apas).

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