Ômicron: nova variante pode afetar o agronegócio?

14 de dezembro de 2021 4 mins. de leitura
Dados sobre a nova variante do coronavírus ainda são inconclusivos, mas setores da economia temem novas ondas de lockdowns e restrições

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Em 26 de novembro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou a descoberta de uma nova variante do coronavírus. A B.1.1.529 foi classificada como variante de preocupação e denominada ômicron. A descoberta foi feita após médicos africanos relatarem um grande número de pacientes com sintomas que não eram compatíveis com os sintomas da variante delta, que é a mais presente na África — e no mundo — no momento.

Enquanto com a variante delta os pacientes informavam sintomas como baixos níveis de oxigênio, taquicardia e perda do olfato e paladar, a ômicron tem causado principalmente fadiga, dor de cabeça, dores no corpo e na garganta, e tosse. 

Apesar dos sintomas iniciais sugerirem que a ômicron pode ser menos agressiva, cientistas aconselham cuidado. A nova variante tem a característica de possibilitar várias mutações, até agora já foram encontradas mais de 50 — e 32 delas na proteína Spike.

Esta é a proteína que é a porta de entrada do vírus no corpo humano, responsável pela sua invasão nas células e consequente reprodução. Com isso há o temor de que possam surgir variações mais agressivas. Além disso, é nesta proteína que alguns dos principais imunizantes agem, portanto há um receio de que algumas mutações possam escapar dos efeitos das vacinas.

Ômicron: mutações na proteína Spike preocupam cientistas. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
Ômicron: mutações na proteína Spike preocupam cientistas. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

O que se sabe sobre a Ômicron?

Dados ainda são inconclusivos sobre a variante ômicron. Até agora nenhuma morte foi registrada em decorrência da variante, mas como ela está em maior circulação no continente africano, que sofre um pico de epidemia, faltam meios de precisar qual variante vitimou os pacientes. 

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Além disso, circulou uma informação que mostrava que a Ômicron precisou de muito menos tempo que as anteriores para se tornar a variante predominante. Os dados, entretanto, foram coletados apenas na África do Sul, país que conta com a vacinação completa em apenas 23% da sua população. As taxas de transmissibilidade podem, e devem, variar conforme o avanço da vacinação, visto que é comprovado que pessoas imunizadas têm menor taxa de transmissão do vírus.

Apesar de muitos dos dados ainda não serem confirmados, o que se sabe é que os métodos de prevenção do coronavírus funcionam para a nova variante. Por isso, muitos países restringiram o acesso às fronteiras e reforçaram políticas de vacinação, higienização das mãos, distanciamento social e uso de máscaras.

Efeitos da Ômicron para o agronegócio

Os efeitos para a economia causados por novas ondas de covid-19 tendem a causar menos impacto do que as anteriores. Para se ter ideia, no pico da pandemia em 2020, o primeiro lockdown derrubou em 15% as atividades econômicas na Zona do Euro. Depois disso, as ondas mais severas de 2021 influenciaram para uma queda de 0,7%.

Apesar das dificuldades, faturamento do agronegócio brasileiro deve bater novo recorde em 2021. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
Apesar das dificuldades, faturamento do agronegócio brasileiro deve bater novo recorde em 2021. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Mesmo com as expectativas de influências mais brandas na economia, elas certamente vão acontecer e podem afetar o agronegócio. A demanda de alimentos deve permanecer inalterada, mas a cadeia de produção, logística e estrutura de distribuição podem voltar a sentir os efeitos da pandemia.

O Brasil é altamente dependente de importações de máquinas agrícolas e suas peças e principalmente de insumos, como fertilizantes e agrotóxicos. A maioria das importações brasileiras de agroquímicos vem de países como a Rússia, China e o Canadá, e a crise na produção fez os preços dispararem. Neste ano, o gasto com esses produtos no Brasil bateu o recorde de US$ 2,81 bilhões.

Os custos elevados na produção agrícola significam produtos mais caros. Como as exportações não devem sofrer, e como o ambiente externo é bom para os produtores com a taxa de câmbio desfavorável ao real, o ano deve ser de novos recordes de faturamento para o setor. Em compensação, os alimentos no mercado interno podem continuar subindo e a inflação deve prejudicar as parcelas mais pobres da população.  

Fonte: Summit Saúde Estadão, Conab, World Health Organization, Nature. 

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