Apesar do atraso provocado pelo clima, o plantio de soja recupera velocidade e deve ter colheita concentrada nesta safra, o que pode prejudicar plantio de milho
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O Rally da Safra, único levantamento de safra técnico privado, dará a largada em 2021 de maneira diferente para avaliar as condições das lavouras de soja e milho. O evento percorrerá, com 26 equipes no total, os polos produtores de grãos em 12 estados, que respondem por 95% da área de produção de soja e 72% da área de milho do Brasil.
“Como o agro não parou e não vai parar, o Rally não poderia deixar de acompanhar, com as modificações necessárias, mas estaremos mais uma vez juntos aos produtores”, afirmou André Pessôa, diretor da Agroconsult. Este ano o evento terá adaptações por conta da pandemia e focará em produzir conteúdo para a internet.
O formato foi renovado para dar mais segurança aos participantes e evitar a disseminação da covid-19. A expedição será realizada entre janeiro e junho, durante a fase de desenvolvimento das lavouras, mas nem toda a programação será presencial, como as edições anteriores. Eventos regionais e reuniões com produtores, por exemplo, serão realizadas por meio de plataformas de videoconferência.
A safra 2020/2021 de soja recebeu uma grande influência do fenômeno climático La Niña, que trouxe mais chuvas tanto ao Norte quanto ao Nordeste e clima seco para o Centro-Sul do Brasil. Enquanto os produtores da região do Matopiba conseguiram plantar a safra mais cedo do que nos anos anteriores, o plantio do grão teve atraso em especial no Mato Grosso e no Rio Grande do Sul por conta da estiagem em setembro e outubro.
A partir do meio de outubro, o clima melhorou e vários estados foram capazes de recuperar a velocidade nas lavouras. Segundo André Debastiani, sócio-diretor da Agroconsult e coordenador geral do Rally da Safra, 67% da safra brasileira, ou seja, 26 milhões de hectares, foram plantados apenas em 30 dias. Isso mostra a grande capacidade dos produtores brasileiros em responder aos desafios climáticos.
Se a soja não for muito atingida por conta do efeito climático, o mesmo não pode ser dito sobre o milho. Com a demora do plantio, por conta do atraso na soja, a safrinha de milho pode ter uma produtividade menor, devido ao clima irregular, caso seja iniciado muito fora do calendário ideal.
A equipe do Rally da Safra estima recordes de produção nas lavouras. A área plantada de soja deve chegar a 38,4 milhões de hectares em 2021, um crescimento de 4% em relação ao ano anterior. Segundo estimativa, os produtores devem colher 132,4 milhões de toneladas do grão, um ganho de 5,5% em relação à safra anterior. A produtividade média nacional deve ficar em torno de 57,4 sacas por hectare.
Já para o milho, a área plantada foi aumentada em 4,8% e pode chegar a 19,2 milhões de hectares em 2021, com 109 milhões de toneladas colhidas. Essa é uma estimativa inicial, alertam os sócios da Agroconsult. Como a safrinha ainda não foi plantada, existe um grande risco de queda de produtividade por conta do clima.
“Nunca tivemos uma comercialização antecipada tão forte quanto a safra 20/21”, avalia Pessôa. Na safra anterior, o índice de compras antecipadas foi alto, mas esse ano foi recorde. Dessa forma, exportadores e grandes conglomerados estão tranquilos por terem antecipado os contratos.
No entanto, os pequenos e médios produtores, como também a própria indústria de alimentos, não têm a mesma estrutura de capital e deixam as compras para quando a oferta estiver mais definida. Esses compradores sofrem o impacto da grande variação cambial e da alta procura internacional pelos grãos, pois o preço da soja e do milho devem continuar subindo em 2021, segundo organizadores do Rally da Safra.
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Fonte: Rally da Safra.