Quais são as perspectivas do agronegócio para a safra 2021/22?

17 de junho de 2021 6 mins. de leitura
Analistas do agronegócio esperam uma boa rentabilidade para a safra 2021/22, que começa a ser preparada em grande parte do cinturão de produção do Brasil

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A safra 2021/22 deverá trazer uma boa rentabilidade para a agropecuária brasileira, em especial para as culturas agrícolas, de acordo com a análise do setor de agronegócio do banco Itaú, o Itaú BBA. A reabertura global de atividades e elevados estímulos fiscais e monetários fizeram a economia mundial apresentar uma recuperação expressiva em 2021.

Sendo assim, a recomposição acelerada da demanda em associação a restrições de oferta deve pressionar a valorização das commodities. Nesse cenário, o Brasil encontra condições favoráveis para uma expansão forte do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021, com a ajuda do crescimento do agronegócio. Entretanto, o crescimento esperado ainda não deve ser o bastante para retomar os patamares pré-crise.

Segundo Guilherme Pessini, superintendente de Agronegócios do Itaú BBA, é importante que o agricultor aproveite o período positivo para se precaver contra as incertezas do mercado. “O período de vacas gordas é o momento de recompor o caixa, de manter algum grau de liquidez, porque a volatilidade é inevitável”, afirmou o executivo, que destaca também a possível oscilação cambial, que deve influenciar nos custos agrícolas.

Cenário para agricultura

A crise causada pelo novo coronavírus deu trégua, mas a pandemia ainda representa risco para o agronegócio. (Fonte: Shutterstock/Vivid imagery/Reprodução)
A crise causada pelo novo coronavírus deu trégua, mas a pandemia ainda representa risco para o agronegócio. (Fonte: Shutterstock/Vivid imagery/Reprodução)

Os custos de produção da agricultura devem aumentar, e a valorização das commodities poderá sofrer algum recuo em relação aos atuais patamares. No entanto, os preços continuarão garantindo uma margem sustentável para os produtores.

Soja

Guilherme Bellotti, Gerente da Consultoria Agro do Itaú BBA,  afirma que “é mais um ano de bons preços para a soja, apesar do aumento esperado para a produção”. A safra global 2021/22 da oleaginosa deverá aumentar 5%, somando 383 milhões de toneladas. Ainda assim, a relação estoque-uso deverá oscilar ao redor de 24% — nível baixo sob uma perspectiva histórica, o que deve contribuir para sustentar o preço do grão.

Milho

No caso do milho, a valorização deve apresentar um recuo diante de uma retomada da produção global, que deverá ser superior à demanda, o que não acontece há 4 anos. Ainda assim, o equilíbrio é frágil, e a cotação poderá subir caso haja algum problema em um importante país produtor.

Laranja

Apesar da frustração da safra de laranja, por conta da estiagem em São Paulo, os estoques globais ao final da temporada tendem a ser maiores, enquanto a demanda pelo suco da fruta deve cair. Com isso, não há uma perspectiva de retorno dos preços ao patamar observado em 2018.

Cana-de-açúcar

O setor sucroenergético deve continuar na esteira dos bons preços projetados para o açúcar e etanol, puxados por um balanço apertado entre a oferta e a demanda. Contudo, a provável redução da moagem e as altas do custo de produção merecem atenção.

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Café

Com a bienalidade negativa do café no Brasil e uma certa estabilidade em outros importantes produtores mundiais, o balanço global de oferta e a demanda voltarão a ficar deficitários em cerca de 5,1 milhões de sacas no ano safra 2021/22, o que deve pressionar uma valorização do grão.

Arroz

Os produtores de arroz devem ter uma safra com margens atrativas, ainda que menores do que a temporada anterior, por conta do aumento dos preços internacionais de insumos, como fertilizantes e defensivos agrícolas.

Algodão

O consumo de algodão tende a seguir firme e apresentar taxas de crescimento superior ao do aumento da produção, diante da expectativa de continuidade de aceleração da economia global em 2022.

Trigo

O mercado futuro da Argentina, principal fornecedor de trigo para o Brasil, indica preços mais baixos na segunda parte de 2021. Entretanto, a indústria de moagem deve ficar atenta ao risco do governo argentino impor medidas restritivas às exportações do grão, após ter bloqueado as vendas internacionais de milho e de carne bovina.

Perspectivas para a pecuária

Para os analistas de agronegócio do Itaú BBA, boi, os altos preços das reposições devem desafiar as margens em um futuro próximo. (Fonte: Shutterstock/Diane Kuhl/Reprodução)
Para os analistas de agronegócio do Itaú BBA, boi, os altos preços das reposições devem desafiar as margens em um futuro próximo. (Fonte: Shutterstock/Diane Kuhl/Reprodução)

O cenário para os pecuaristas são menos animadores, em especial para os suinocultores independentes e para os produtores de bovinos focados em recria e engorda, por conta dos elevados custos de reposição e da ração. As empresas de proteínas animais devem enfrentar elevados custos dos grãos e espaço limitado para repasse de preços ao consumidor final, principalmente os domésticos.

Bovinos

A questão central para a dinâmica dos preços pecuários da carne de boi é quando poderá ocorrer a transição do modo de retenção de fêmeas para uma nova fase de descartes. Há estimativas de que a oferta de crias neste ano já será maior do que a de 2020, o que pode ficar mais evidente em 2022. Isso, associado ao aumento de tecnologia no sistema de cria, gera um cenário positivo para o setor neste e no próximo ano.

Suínos

O mercado interno continua volátil, em especial por conta da redução do auxílio emergencial, o que faz as atenções do setor serem direcionadas para as exportações. No entanto, o suinocultor brasileiro deve estar preparado para uma redução das importações pela China nos próximos anos, ainda que, em curto prazo, isso ainda não tenha acontecido.

Aves

No Brasil, o ritmo de produção deve ser menor por conta das margens apertadas. O frango continuará sendo beneficiado pela competitividade com a carne bovina, e o preço pode avançar um pouco.

Em 2021, o maior aumento de produção de carne de frango no mundo virá da China, que deve reduzir o ritmo das importações do produto. Mesmo assim, há oportunidades para a avicultura brasileira em destinos menos expressivos em termos de importação.  

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Fonte: Agro em Pauta – Diretoria de Agronegócio do Itaú BBA, Visão Agro – Diretoria de Agronegócio do Itaú BBA.

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