Selo de certificação de origem é reconhecido desde 2006, mas a carne bovina do Pampa Gaúcho ainda não ganhou o mercado
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A carne bovina produzida no bioma do Pampa Gaúcho conquistou o selo de certificação de origem junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) em 2006. No entanto, como muitos outros produtos com indicação geográfica (IG), enfrentou dificuldades para manter a estrutura necessária e garantir as condições certificadas.
Para superar esse obstáculo, a Associação dos Produtos do Pampa Gaúcho (Apropampa) passou por um processo de revisão de documentos e recebeu suporte técnico para fomentar os produtores associados.
O trabalho foi desenvolvido em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o governo do Estado do Rio Grande do Sul.
Para marcar a nova fase da carne bovina do selo coletivo, o primeiro abate foi realizado em Pelotas (RS). Os produtores procuraram frigoríficos para permitir a comercialização do produto certificado no mercado.
O Rio Grande do Sul é o sétimo maior estado produtor de rebanho bovino, com mais de 11 milhões de cabeças. A pecuária se concentra no Sul e no Oeste, regiões ocupadas pelo ecossistema do Pampa. Por ano, o Estado abate 2 milhões de cabeças, sendo a maioria originária nesse bioma.
A carne bovina comercializada com a certificação do Pampa Gaúcho é singular por causa das raças taurinas, do clima e do manejo. Devido à nutrição com pastos naturais, os animais apresentam proteínas com maiores teores de ferro, vitaminas do complexo B e ômega 3 em comparação com a criação em confinamento.
“Os bovinos são animais naturalmente prontos para fazer a digestão de fibras, de pasto”, destaca a pesquisadora Élen Nalério, da Embrapa. O gado precisa de adaptações em seu organismo para digerir os grãos, oferecidos na nutrição da produção intensiva. Com isso, tanto a formação de gorduras quanto de sabor e aroma da proteína ficam diferentes.
Além disso, toda a produção no Pampa Gaúcho é sustentável, o bioma é um ambiente campestre, adequado ao desenvolvimento de atividades pastoris. A cultura e a tradição dos gaúchos se moldaram ao cenário, dispensando a necessidade do desmatamento para a abertura de pastagens ou de áreas para o cultivo de cereais destinado à ração.
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A certificação de origem é um diferencial competitivo para a produção de pequenos e médios pecuaristas reunidos na associação. O selo favorece o reconhecimento e a valorização dos produtos por consumidores, sendo estratégico para a abertura de mercados externos.
Os sistemas de controle garantem a origem da proteína, elevando a confiança no produto. O rebanho de corte deve ser formado, em sua maioria, por raças taurinas, como Hereford, Angus, Brangus e Braford.
O certificado garante que todas as etapas de produção são realizadas no Pampa Gaúcho, exceto o abate dos animais, que deve acontecer dentro do Rio Grande do Sul. A marca garante ainda a preservação da história, da cultura e do modo que permeia a produção da carne bovina.
Fonte: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI), Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul.
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