Novas pesquisas mostram que até regiões semiáridas no Brasil podem ser boas candidatas à plantação de uvas para produção de vinho fino
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Tradicionalmente, os vinhos brasileiros são produzidos na Região Sul; os Estados com clima mais rigoroso são responsáveis por 80% da produção nacional de vinhos finos. A Região Sudeste também desempenha um importante papel na produção nacional, principalmente devido aos vinhos de inverno das cidades da região da Serra da Mantiqueira.
Apesar da predominância dos vinhos do Sul, experiências e pesquisas sobre a produção de vinhos em clima tropical semiárido têm demonstrado que investir na produção da bebida pode gerar muito mais receita do que produzir grãos.
Se as fazendas produzem uma garrafa de vinho que é vendida a R$ 50, um hectare de produção de uva para fabricação de vinhos gera a mesma receita do que 800 hectares de soja.
Segundo um informe da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Brasil tem registros da produção de uvas em regiões tropicais desde o século 16. Porém, a atividade se voltou para a fabricação de vinho de forma comercial e, com sucesso, só a partir da década de 1950, quando a empresa Cizano S.A começou a produção no Vale Submédio do São Francisco.
Nas décadas seguintes, várias vinícolas se instalaram na região do Vale do São Francisco, principalmente nos Estados de Pernambuco, Bahia e Minas Gerais, e hoje essa é a principal região tropical produtora de vinhos no País.
Apesar de as temperaturas variarem entre 25°C e 45°C na região, os produtores usam técnicas para poder colher a uva durante todo o ano. Com alta luminosidade, temperatura média de 26°C anuais e período de chuvas se concentrando entre dezembro e abril, algumas técnicas de irrigação são usadas para simular o inverno.
No período entre safras, a irrigação é reduzida em 5% a 10% para que as uvas acumulem reservas durante 20 dias ou 30 dias. Depois disso, o coeficiente de irrigação volta a 100%, e o ciclo produtivo recomeça.
Dessa maneira, dentro de uma mesma área, podem ser encontradas videiras em diferentes estágios de produção, com uvas prontas, recém-podadas ou florescendo. Essa possibilidade de várias colheitas ao longo do ano gera uma série de vantagens aos produtores, uma delas é não precisar contratar trabalhadores sazonais, podendo fornecer um melhor treinamento e obter melhores resultados da equipe de funcionários.
Além disso, os vinhos jovens levaram apenas de 35 dias a 40 dias para estar prontos depois da colheita, isso gera bebidas com baixo teor alcoólico (entre 7-8°GL) e alto teor de açúcares.
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Agora, novas regiões do Nordeste, além do Vale do São Francisco, estão descobrindo o potencial para a plantação de uvas e produção de vinhos. Uma fazenda do grupo Trijunção, no oeste da Bahia, desenvolveu um projeto em conjunto com a Embrapa para a produção da bebida. Os resultados preliminares são muito positivos e, caso as novas regiões consolidem a implantação de vinícolas, os lucros podem ser grandes para os produtores.
Fonte: Embrapa, Uniedu, Uenf, FAEG