Pecuaristas do Sul do Brasil buscam alternativas para reduzir a dependência da soja e do milho como fonte de proteína para alimentação de aves e suínos
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A pecuária brasileira tem uma dependência elevada do farelo de soja e do milho para a alimentação de aves e suínos. Com a alta da cotação global dos grãos, os pecuaristas se veem forçados a reduzir suas margens e repassar a elevação dos custos de produção, o que tem levado à busca de fontes alternativas de proteína para a ração animal.
O brasileiro consome, em média, 15 kg de carne suína e 43 kg de frango por ano. De acordo com estimativas de pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), apenas para produzir as proteínas animais para atender o mercado interno, o Brasil destinará 37% da produção de soja em 2021 — ou cerca de 50 milhões de toneladas.
Enquanto isso, informações da Central de Inteligência de Aves e Suínos (Cias) da Embrapa apontam que o farelo de soja teve uma alta de 122% entre o início de 2018 e maio de 2021 em Santa Catarina, principal produtor de carne suína do Brasil. No caso do milho, o aumento foi ainda maior. O preço médio do cereal cresceu 200% no período.
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O farelo de soja e o milho são utilizados para a ração animal por conta da disponibilidade e do alto aproveitamento, pelos animais, da energia bruta total dos grãos. A metabolização média do subproduto do cereal é de 86%, enquanto o subproduto da oleaginosa oferece 77% de aproveitamento. Apesar das porcentagens altas, existem outros grãos que são, inclusive, mais bem absorvidos pelos animais.
Entre os grãos de verão, o arroz marrom sem casca tem o melhor aproveitamento energético, com índice superior a 93% entre suínos, frangos de corte e aves poedeiras. O sorgo grão e raspa integral da raiz de mandioca apresentam metabolização entre 80% e 84%, um pouco abaixo do milho, mas maior que o farelo de soja.
Entre as alternativas de inverno, o trigo é o que tem maior disponibilidade em volume e também aproveitamento energético. Os suínos absorvem 85% da energia do cereal, enquanto as aves metabolizam 80%.
O uso de ingredientes mais baratos na dieta animal não é garantia de um resultado econômico satisfatório, pois é necessário realizar ajustes nos níveis de aminoácidos e de energia para atender as exigências do animal em cada fase.
Além disso, é importante considerar as dificuldades em equilibrar a nova demanda com o atendimento ao consumo humano e industrial. Para que o uso de outros cereais seja viável, é necessário criar um contexto favorável que já está estruturado para a soja e o milho, tais como uma remuneração atrativa para o produtor, a organização da produção e dos canais de comercialização e a compra antecipada das produções.
Os cereais, por exemplo, podem ser cultivados em terras que ficam ociosas durante o inverno na Região Sul, aponta um estudo da Embrapa. A alternativa pode esbarrar, porém, em dificuldades climáticas que podem provocar perda de qualidade dos grãos e contaminação por fungos.
Fonte: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).