Cenário geopolítico impôs dificuldades para a disponibilidade de fertilizantes no mercado global em 2021
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Os fertilizantes dobraram de preço ao longo de 2021 e elevaram os custos de produção no agronegócio, de acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Isso foi causado por problemas logísticos, políticos e energéticos que continuarão influenciando o mercado global de insumos em 2022.
Rússia e China, dois principais fornecedores de nutrientes para o Brasil, restringiram as exportações para garantir o controle de preços e a oferta doméstica dos fertilizantes. A crise energética chinesa e a escalada de preços do gás natural russo foram os motivos apontados para as restrições nas exportações.
Na Europa, a crise política na Bielorrússia, responsável por 25% da produção mundial de cloreto de potássio, fez a cotação do produto triplicar. Os Estados Unidos, o Canadá e países da União Europeia impuseram sanções comerciais contra o governo bielorrusso, o que inclui a estatal Belaruskali, um dos principais produtores mundiais do insumo.
Os recordes nas cotações de grãos não estão sendo suficientes para acompanhar o crescimento dos preços dos fertilizantes. A consultoria StoneX apontou que os custos de produção de soja e de milho no Mato Grosso subiram, respectivamente, mais de 48% e 32% no início de 2022. Na Região Sul, o aumento dos custos já superou os 50%.
No ano passado, o custo total médio de uma lavoura de soja saiu de R$ 4,26 mil por hectare em fevereiro para R$ 6,3 mil em novembro, conforme estimativa do Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral). No mesmo período, o custo projetado com fertilizantes subiu 95%, e as margens da produção ficaram 42% menores.
Essa situação inverteu a tendência positiva nos níveis de relações de troca da soja e do milho com os insumos. No início de 2021, eram necessárias menos de dez sacas de soja para comprar 1 tonelada de cloreto de potássio; agora, a relação está acima de 25 sacas por tonelada, aponta a StoneX.
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O Brasil importou um volume recorde de 41,6 milhões de toneladas de fertilizantes em 2021, segundo informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O Mato Grosso, principal produtor de grão do País, foi o estado que recebeu mais importação do insumo: 8 milhões de toneladas.
As importações de adubo cresceram mais de 50% desde 2017, acompanhando o aumento da produção agrícola brasileira. Cerca de 85% dos produtos consumidos no País são importados, o que gera preocupação ao agronegócio. Para superar essa fragilidade, o governo federal estuda lançar o Plano Nacional de Fertilizantes.
A política pública ainda está em elaboração e pretende implementar medidas para incentivar a produção nacional dos insumos e reduzir a dependência externa. A principal meta é diminuir a importação de adubos para 60% em 30 anos. O texto-base da proposta está em fase de ajustes para ser lançado ainda em 2022.
Os desafios do mercado global de fertilizantes devem continuar preocupando os agricultores brasileiros. Problemas de rupturas na cadeia de produção causados por questões geopolíticas, crise energética e gargalos logísticos devem continuar sendo recorrentes ao longo do ano, mas, apesar disso, não há risco de desabastecimento.
O custo de insumos agrícolas também foi atingido pelo aumento da alíquota de Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS), que não era cobrado até o ano passado. A partir de janeiro de 2022, o tributo passou para 4% no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, na Bahia e em Sergipe. Nos outros estados, o imposto cobrado é de 1%.
Dessa forma, o agricultor deve buscar alternativas, como estratégias de manejo do solo, para garantir a nutrição da lavoura com custos reduzidos. A produção de adubo verde na propriedade também pode colaborar para controlar os gastos na produção.
Fonte: StoneX, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).