Fertilizante: preço e prazo de entrega preocupam produtores

7 de outubro de 2021 4 mins. de leitura
Atrasos na entrega de fertilizante podem prejudicar janela ideal para o plantio de soja e alta global dos insumos reduz margens dos produtores

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A safra 2021/22 de soja deve apresentar um volume recorde de produção de 135,5 milhões de toneladas, segundo estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No entanto, os produtores estão preocupados com a dificuldade de aquisição de fertilizantes para dar início ao plantio da cultura na janela ideal.

As cotações globais desses insumos tiveram uma alta generalizada nos primeiros sete meses de 2021, provocada pela redução de produção e diversas restrições impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia a fertilizantes de importantes países produtores. A falta de disponibilidade e o atraso na entrega de alguns produtos, em especial do cloreto de potássio, também gera apreensão.

Os nitrogenados apresentaram um aumento de preço de 75,5% no porto de Yuzhny (Ucrânia), reflexo da menor produção na China. Os valores médios do fosfato monoamônico (MAP) subiram 95% nos portos de Casablanca (Marrocos) e São Petersburgo (Rússia), em meio a maior taxação norte-americana sobre o produto de origem marroquina. Enquanto isso, o cloreto de potássio dobrou de preço no porto de Vancouver (Canadá) devido a medidas restritivas da União Europeia contra produtos da Bielorrússia.

Intervenção chinesa no mercado de fertilizante

Intervenção do governo da China provocou desequilíbrio no mercado global. (Fonte: Shutterstock/Srinuan hiranwat/Reprodução)

As empresas chinesas estão sofrendo pressão do governo para suspender temporariamente a exportação de fertilizantes, com o objetivo de garantir o abastecimento doméstico. A China é o maior produtor e consumidor de nitrogenado e fosfatado, além de ser uma grande exportadora dos dois produtos.

A intervenção de Pequim visa segurar a alta das cotações dos insumos no país, para propiciar uma redução de custos na produção local. Contudo, isso gera uma menor disponibilidade dos insumos no mercado global e pode aumentar os gastos para a implantação de lavouras em outros países, inclusive no Brasil.

A atuação do governo chinês provocou a interrupção do leve recuo nos preços dos nitrogenados e fosfatados negociados nas últimas semanas de julho. Por outro lado, no mesmo mês, as cotações dos potássios registraram forte alta.

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Impacto nos preços do Brasil

Sojicultores devem ficar atentos às margens de produção na hora de negociar suas lavouras. (Fonte: Shutterstock/Alchemist from India/Reprodução)

Entre janeiro e julho de 2021, os preços médios da tonelada da ureia tiveram um aumento de 28,14% em Mato Grosso (MT) e de 34,12% no Paraná (PR), segundo levantamento da Confederação Nacional de Agricultura (CNA). As cotações médias em junho de 2021 foram as maiores registradas nos últimos 13 anos nos dois Estados. O valor médio do MAP teve um crescimento de 46,8% em MT e 61% no PR.

A tonelada de cloreto de potássio ficou, em média, 65% mais cara para os produtores mato-grossenses e 49% para os paranaenses. O preço atingiu o maior patamar desde 2009 nos dois mercados.

A CNA estima que o gasto com fertilizantes deverá subir em 57% para a produção de soja na safra 2021/22 na região de Carazinho (RS) em relação à temporada anterior. Já nas regiões de Cascavel (PR) e Dourados (MS), o custo com o insumo deverá ser, respectivamente, 57% e 35% superior à safra 20/21, de acordo com estimativa da Confederação. Em Rio Verde (GO), o gasto deve subir 59,1% e, em Sorriso (MT), 41,8% em relação à safra passada.

Diante desse cenário, a recomendação da CNA é que os sojicultores reflitam bastante sobre as oportunidades de venda das lavouras, para que as margens não sejam prejudicadas pela alta dos custos de produção.

Fonte: Confederação Nacional de Agricultura (CNA), Agência Brasil.

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