Cabelo humano se torna opção de adubo

16 de dezembro de 2021 4 mins. de leitura
Jovens pesquisadores da Tanzânia criaram uma maneira fácil e barata de produzir um adubo rico em nutrientes

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A Tanzânia é um dos países mais pobres do mundo, com um PIB per capita de US$ 1,7 mil em 2012. A agricultura é responsável por um quarto do PIB do país, emprega quase 80% da mão de obra disponível e corresponde a 85% das exportações. Nesse contexto, dois jovens estudantes criaram uma solução de baixíssimo custo que pode revolucionar o setor.

Dois estudantes chegaram a uma solução inusitada para aumentar a produção agrícola: a dupla conseguiu produzir fertilizantes a partir de cabelo humano. O cabelo é rico em queratina, que é uma proteína fibrosa que contém substâncias como potássio, oxigênio, nitrogênio e fósforo.

Cabelo humano é rico em nutrientes vitais para plantas. (Fonte: nobeastsofierce/Shutterstock/Reprodução)
Cabelo humano é rico em nutrientes vitais para plantas. (Fonte: nobeastsofierce/Shutterstock/Reprodução)

A ideia da dupla era utilizar um material barato e amplamente disponível para criar o produto. Escolheram o cabelo, que juntam gratuitamente do descarte de barbearias da sua cidade, Arusha.

Processo de criação do fertilizante

Uma vez que a ideia de utilizar cabelo como matéria-prima dos fertilizantes surgiu, o problema dos estudantes era como quebrar as moléculas e fazer com que os nutrientes ficassem disponíveis para serem aplicados nas plantas. Após três meses de testes, eles conseguiram achar a receita para criar o produto final.

Um dos responsáveis, Ojungu Jackson, explica que após os testes o produto que apresentou melhores resultados foi o hidróxido de potássio, que quebra as ligações peptídicas do cabelo e o transforma em um líquido. Assim todos os nutrientes do cabelo ficam disponíveis nesse líquido.

A receita é simples, 50 gramas de cabelo misturados com água e hidróxido de potássio geram um litro do fertilizante, que é diluído em mais água para ser aplicado nas plantas. O litro do produto é vendido na região pelo equivalente a 80 centavos de euro, aproximadamente 5 reais.

Um dos clientes dos jovens, o fazendeiro Fabian Mukazibila, afirma que após começar a utilizar o adubo, a produtividade da sua plantação de tomates aumentou em 25%. Os jovens ainda têm apenas oito clientes, mas esperam aumentar logo o negócio. Para isso, deram entrada no processo de certificação de produto orgânico para o seu adubo de cabelo.

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Adubo ou fertilizante?

Fertilizantes são compostos químicos empregados na agricultura com o objetivo de aumentar ou repor a quantidade de nutrientes do solo, gerando um ganho de produtividade. O termo adubo, entretanto, não é sinônimo de fertilizante.

 Adubo e fertilizantes enriquecem o solo com nutrientes. (Fonte: New Africa/Shutterstock/Reprodução)
Adubo e fertilizantes enriquecem o solo com nutrientes. (Fonte: New Africa/Shutterstock/Reprodução)

Os fertilizantes são divididos em dois tipos: orgânicos ou inorgânicos, que podem ser naturais ou sintéticos. Os fertilizantes inorgânicos são produzidos em laboratórios e têm a vantagem de conter uma grande concentração de nutrientes que é absorvida quase que instantaneamente pelas plantas. Porém, geram problemas como o risco para o meio ambiente. A longo prazo os fertilizantes colaboram para a degradação da qualidade do solo, poluem a atmosfera e fontes de água e, dependendo do seu manuseio, podem intoxicar seres humanos e animais.

Os fertilizantes orgânicos, também conhecidos como adubos, são feitos de produtos naturais como húmus, farinha de osso, esterco e, como vimos, até cabelo. Pesquisas demonstram que fertilizantes orgânicos aumentam a biodiversidade do solo, criando um ambiente propício para o surgimento de fungos e microrganismos, que ajudam o crescimento das plantas. Sua ação, porém, é bem mais lenta.

Fonte: IstoÉ Dinheiro, feedy.news, DW, EBC, UFSJ, Brasil Escola, Aegro, Aprova Total, Ecycle.

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