Conheça o mais relevante evento sobre agronegócio do País
A estiagem provocada pelo fenômeno climático La Niña é sentida esporadicamente nas lavouras da Região Sul do Brasil desde 1998. Somente no Rio Grande do Sul, as chuvas irregulares em janeiro de 2022 devem acarretar prejuízo de R$ 36,14 bilhões nas lavouras de soja e de milho, segundo levantamento da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS).
Os efeitos negativos da falta de chuvas no verão serão sentidos em toda a economia do Sul do País. Quando considerado o impacto da quebra de safra do milho e da soja fora da porteira, as perdas gaúchas devem ultrapassar o volume de R$ 115 bilhões. E esse valor é ainda maior quando considerados os prejuízos das lavouras de Santa Catarina e Paraná.
Efeitos da estiagem
O cenário de poucas chuvas atrapalha a evolução das culturas, em diversas fases de desenvolvimento. A água colabora na germinação de sementes e o estresse hídrico no início do plantio pode comprometer toda a lavoura. Quando coincide com a florada, a estiagem pode abortar o aparecimento das flores e o desenvolvimento dos frutos.
Além disso, a água atua como um regulador de temperatura e auxilia no transporte de nutrientes. Com o calor, o déficit hídrico acaba sendo retroalimentado, pois as plantas aumentam a evapotranspiração na tentativa de reduzir a temperatura e, assim, ficam ainda mais desidratadas e com menos nutrientes.
Leia também:
Entenda o que é a estiagem e quais são seus efeitos
Economia de água garante produção do agronegócio durante estiagem
Gesso agrícola: solução para crises hídricas no agronegócio
Estratégias para redução do estresse hídrico
As estratégias para lidar com períodos de estiagem são fundamentais para reduzir os danos causados pelo estresse hídrico nas lavouras. Além de buscar maior disponibilidade de água, a partir da captação, armazenamento e redução do desperdício, os produtores devem usar técnicas para aumentar a resistência das plantas ao déficit hídrico.
Cuidados com o solo
O solo deve ser preparado com aragem para permitir a descompactação e a aeração, facilitando o desenvolvimento das raízes das plantas. A cobertura do solo, com palhada, compostos orgânicos, esterco e outros resíduos, garantem a proteção contra o sol e altas temperaturas e também facilitam a retenção de umidade.
Cultivares tolerantes
A engenharia genética propiciou o desenvolvimento de espécies mais resistentes à falta de água. A utilização de um gene tolerante a alumínio, em híbridos de milho preparados para o solo ácido, desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) conseguiu aumentar a produtividade em 48% sob estresse hídrico na fase de enchimento de grãos.
Fortalecimento das raízes
Bioinsumos, como as rizobactérias, estimulam o crescimento do sistema radicular das plantas, permitindo que a planta explore as camadas subsuperficiais do solo, mesmo quando há uma distribuição irregular de chuvas ou com solos ácidos. Com isso, todos os nutrientes necessários para a produção de grãos podem ser obtidos.
Irrigação deficitária
A aplicação contínua de menos água do que a requerida pelas lavouras possibilita aumentar a tolerância ao estresse hídrico sem perda de produtividade. As culturas de milho, sorgo e milheto respondem bem a esta prática. Além de garantir a produção em períodos de baixa disponibilidade de água, a técnica permite aumentar a eficiência no uso dos recursos hídricos.
Fonte: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Rehagro, Aegro, Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), Jacto.