Em 28 de abril é comemorado o Dia da Caatinga para reforçar a importância da conservação do bioma exclusivamente brasileiro
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O Dia da Caatinga é celebrado nacionalmente em 28 de abril. Essa data foi escolhida para conscientizar as pessoas sobre a importância da preservação do bioma exclusivamente brasileiro, que é um dos mais importantes e ricos em biodiversidade do País. No entanto, também é um dos mais ameaçados pela ação humana e as mudanças climáticas.
Um levantamento divulgado recentemente pelo MapBiomas apontou um crescimento exponencial da área ocupada pela agricultura na Caatinga nos últimos 35 anos. De acordo com os dados obtidos por monitoramento via satélite, entre 1985 e 2020, a ocupação da atividade no bioma cresceu 1,33 milhão de hectares, representando um aumento de 1.456%.
Além da agricultura, a pesquisa também destacou o crescimento de 48% das pastagens na Caatinga. No período analisado, mais de 6,5 milhões de hectares do bioma viraram pastos, principalmente nos Estados da Bahia, Ceará e Pernambuco. As pastagens ocupavam 15,6% da Caatinga em 1985, e o índice subiu para 23,1% em 2020.
A Caatinga ocupa uma área de cerca de 844 mil km², que abrange todos os Estados da região Nordeste, além do norte de Minas Gerais. O bioma é caracterizado por um clima semiárido, com chuvas escassas e irregulares, temperaturas elevadas e um solo pobre em nutrientes. Apesar disso, é bastante rico em biodiversidade.
A vegetação da Caatinga tem uma abundância de vegetação xerófila, adaptada às condições climáticas da região, com muitas espécies de cactos, arbustos, árvores de pequeno porte e plantas herbáceas. A flora é adaptada para suportar a seca, como a presença de espinhos e folhas modificadas, além de raízes profundas e sistemas de armazenamento de água.
A fauna do bioma é formada por muitas espécies endêmicas, ou seja, que só ocorrem no local. Entre os animais encontrados na Caatinga, é possível citar aves, répteis, mamíferos, peixes e invertebrados, como a aranha-caranguejeira, o tatu-bola, o soldadinho-do-araripe, o pato-mergulhão e o mocó.
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A Caatinga pode se tornar um deserto devido ao desmatamento, à ocupação inadequada do solo e à falta de políticas públicas de convivência com o semiárido. A dinâmica de processos do bioma é mais lenta e a degradação é difícil de ser recuperada, tornando a desertificação um problema ainda mais grave.
Um grupo de 112 municípios do bioma estão com o risco de desertificação considerado “grave” ou “muito grave” pela perda de 300 mil de hectares de vegetação nativa. A desertificação resulta na improdutividade da terra e no ressecamento dos corpos de água. Nos últimos 36 anos, a Caatinga perdeu 8,27% na superfície de água e teve redução de 40% da água natural.
As mudanças climáticas agravam a situação. Sem ações para conter o aquecimento global, a Caatinga enfrentará um aumento na duração, magnitude e frequência das ondas de calor, além de secas mais intensas e amplas. As populações locais serão as mais afetadas, com impactos na segurança alimentar e prosperidade econômica.
Para preservar a Caatinga, são necessárias ações integradas e contínuas que visem à proteção da biodiversidade, dos recursos hídricos e do solo. Uma das principais medidas é promover a recuperação de áreas degradadas, por meio da restauração ecológica e controle de espécies invasoras, e apoiar iniciativas de conservação.
Além disso, é importante investir em educação ambiental, sensibilizando as comunidades locais sobre a importância da conservação da Caatinga e das práticas sustentáveis, a partir da implementação de técnicas e práticas agroecológicas.
Por fim, são necessárias políticas governamentais de proteção ambiental, como a criação de unidades de conservação e programas de incentivo à preservação da Caatinga, além da implementação de medidas de fiscalização e controle do uso inadequado dos recursos naturais.
Fonte: Fiocruz, Embrapa, Senar, Fapesp, Terra Magna