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No fim de maio, o Ministério da Economia anunciou redução de 10% nas taxas de importação de feijão, arroz, carne e outros produtos, como biscoitos e materiais de construção. O corte já havia sido feito na mesma medida em novembro, segundo declaração do ministro da Economia Paulo Guedes. A medida é uma tentativa de frear a inflação, que está em acelerado nível de crescimento, tendo atingido 12,13% em maio no acumulado dos últimos 12 meses.
A isenção na taxa de importação tem como objetivo aumentar a disponibilidade de produtos no mercado interno e forçar a queda dos preços, principalmente dos produtos da cesta básica e de alimentação. No entanto, a medida deve surtir pouco efeito, uma vez que a maioria dos produtos isentos é abastecida, majoritariamente, pelo mercado interno.
Feijão
Com as reduções, a taxa de importação do feijão caiu de 10% para 8%, mas o grão vindo do exterior é bastante restrito na mesa dos brasileiros. Os tipos importados mais comuns, como rajado, branco, preto e vermelho, costumam vir da Argentina e de outros países da América Latina, portanto já têm taxa zerada de importação.
Além disso, o feijão mais comum consumido no Brasil, o carioca, é plantado apenas no País, e a produção interna é suficiente para o abastecimento. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil deve produzir 3,14 milhões de toneladas de feijão nesta safra, para uma demanda interna de cerca de 2,85 milhões de toneladas.
Preço do arroz
O preço do arroz também deve ser pouco impactado pelo corte nas taxas de importação, que caíram de 12% e 10% para 9,6% e 8%, dependendo da variedade. O produto, que chegou a ter alta de 56% entre maio de 2020 e o mesmo mês de 2021, teve queda de quase 11% nos últimos meses nos preços repassados ao consumidor.
Em situação similar à do feijão, os tipos mais comuns de arroz importados são de parceiros do Mercado Comum do Sul (Mercosul), que produzem um grão bastante similar ao brasileiro e com taxa de importação zerada.
Os produtos comprados de outras localidades, como os tailandeses e os vietnamitas, têm pouca aceitação entre os consumidores brasileiros e, consequentemente, apresentam pouco poder de diminuição dos preços. Além disso, o Brasil é autossuficiente em arroz.
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Preço da carne
A carne bovina deve continuar distante do cotidiano dos brasileiros, apesar da medida para aumentar as importações. Ocorre que a maioria das carnes importadas é de corte nobre, com destino para restaurantes e mercados gourmet. A grande parcela da carne consumida pelos brasileiros é produzida no País.
Nos últimos anos, com o aumento da demanda externa e o foco dos produtores na exportação, o preço da carne bovina disparou no mercado nacional. Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), entre 2019 e 2021 o preço de venda do boi pronto para o abate nas fazendas subiu 83%.
Outro levantamento, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostra que, do início da pandemia de covid-19, em março de 2020, até o fim de abril de 2022, o preço da carne para o consumidor aumentou 42,6%. O valor é maior do que o dobro do acumulado da inflação no período: 19,4%.
O preço da carne bovina deve continuar em tendência de alta, visto que a demanda global deve seguir crescendo e os grandes países produtores estão com problemas de suprir a oferta. Esse é o caso do Uruguai, onde a estiagem reduziu as pastagens e o rebanho, e da Argentina, que limitou as exportações.
Com isso, os produtores de carne devem continuar focando as exportações; apenas nos últimos 12 meses, o aumento foi de cerca de 15% no preço da carne bovina para os brasileiros. A tendência é que os habitantes do País continuem consumindo proteínas mais baratas, como ovos e carnes de frango e porco.
Fonte: Portal do Comércio, Conab, Ipea, Associação Comercial de Minas, Cepea/Esalq