Soja: processamento do grão bate recorde no 1º bimestre de 2022

5 de junho de 2022 4 mins. de leitura
Exportações de soja em grão, farelo e óleo vêm fazendo o setor alcançar novos recordes em 2022

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A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) divulgou dados sobre o esmagamento de soja no primeiro bimestre de 2022 no Brasil. Nos dois primeiros meses do ano, foram processadas 5,6 milhões de toneladas de soja — 18% a mais do que no mesmo período de 2021, o que garantiu a quebra do recorde de processamento de soja no País.

A Abiove apontou a tendência de crescimento das exportações da soja, tanto do grão quanto do farelo e do óleo. Segundo a associação, as exportações de soja em grão cresceram 36% em relação ao primeiro bimestre de 2021, enquanto as exportações de farelo de soja tiveram um aumento de 42% e as de óleo de soja cresceram 127%.

O ano de 2021 marcou o recorde de colheita de soja no Brasil, 138,3 milhões de toneladas. (Fonte: Pexels/Reprodução)

Aumento da demanda internacional

O crescimento das exportações da soja em grão pode ser explicado pela alta demanda chinesa. Com os números dos rebanhos de suínos voltando à normalidade, após anos de abates devido à peste suína africana (PSA), a China importou mais soja para ração, tanto do Brasil quanto dos Estados Unidos.

Já as compras de farelo de soja foram puxadas pelos países do leste asiático, como Coreia do Sul e Japão. Pela primeira vez, as exportações brasileiras para o leste asiático superaram as exportações para a União Europeia.

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Dificuldades para consumidores no mercado interno

Os bons números da exportação de soja estão causando problemas para o mercado interno. Com a preferência da venda para o exterior, que é paga em dólar, a oferta interna do produto caiu, e os preços para o consumidor subiram. Em 12 meses, o óleo de soja, item da cesta básica brasileira, subiu 30,1%, um aumento 2,5 vezes maior do que a inflação do período — que fechou abril em 12,03%. Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), apenas no mês de abril o óleo de soja teve um aumento de 11,47%.

A preferência dos produtores pela exportação da soja é uma tendência antiga, que foi potencializada por fatores externos, como a guerra da Rússia contra a Ucrânia e o aumento do petróleo, e fatores internos, como a desvalorização do real.

O conflito do leste europeu fez que a Ucrânia interrompesse o fornecimento de óleo de girassol, então o de soja é o principal substituto. O conflito também elevou o preço do petróleo, o que aumentou os custos em todos os setores produtivos, mas também fez que muitos países comprassem mais soja para a fabricação de etanol.

Brasil é o terceiro maior produtor de óleo de soja do mundo, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)

Com o real desvalorizado, poucos produtores negam a oportunidade de exportar. A Abiove avalia que, em 2022, o Brasil deva movimentar US$ 56 bilhões com a exportação de soja.

Em 2021 o País bateu o recorde com a maior safra de soja da história, com 138,3 milhões de toneladas colhidas, mas a Abiove estima que, neste ano, essa marca seja ultrapassada.

Especialistas alertam que, sem movimentações do governo, os preços podem subir ainda mais. Algumas saídas como manter estoques de soja, limitar as exportações ou taxá-las são usadas em outras commodities e em vários países para manter os preços internos em patamares saudáveis.

Algumas marcas de óleo de soja chegam a vender o litro a R$ 25, e muitos brasileiros recorreram à banha de porco para cozinhar. O item era comum nas casas brasileiras e fazia parte da cesta básica há 100 anos.

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Fonte: Rede Brasil Atual, Diário do Centro do Mundo, Udop, Agro em dia

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