Enquanto o La Niña perde força durante o outono, a probabilidade do El Niño para a primavera aumenta
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O fenômeno climático La Niña vem perdendo força e, durante o inverno, o clima mundial tem 60% de chances de sofrer influência do El Niño, conforme último boletim da Administração Oceânica e Atmosférica (NOAA). A agricultura brasileira deve ficar atenta às previsões meteorológicas a fim de reduzir os riscos de prejuízos nas lavouras.
Nos últimos três anos, a presença do La Niña provocou uma longa estiagem na região Sul, reduzindo o volume e a produtividade de grãos, como a soja e o milho. As altas temperaturas causadas pelo fenômeno prejudicaram o desenvolvimento de vários cultivos, a exemplo do café, da laranja e de hortifrutis.
O El Niño também costuma alterar significativamente o clima para os produtores rurais. A anomalia teve grande intensidade na safra 1997/1998 e passou a ser temida pelo agronegócio. Na época, os Estados do Sul sofreram precipitações intensas, enquanto o semiárido nordestino passou por uma seca prolongada.
Os fenômenos climáticos La Niña e El Niño são anomalias na temperatura da superfície do Oceano Pacífico na altura da Linha do Equador. Enquanto o La Niña se caracteriza pelo resfriamento dessas águas, o El Niño se caracteriza pelo aquecimento. Quanto maior a alteração de temperatura, mais intensos são os eventos.
Essas alterações na temperatura do oceano provocam mudanças bruscas no clima mundial, afetando a distribuição de chuvas e causando ondas de calor e de frio em diversas regiões do planeta. A agricultura é uma das atividades mais atingidas pelas anomalias, ora com efeitos positivos, ora com efeitos negativos sobre as lavouras.
A associação desses fenômenos com o aquecimento global tende a provocar eventos climáticos extremos, com maior frequência e intensidade. Isso significa que, tanto o La Niña quanto o El Niño, estão se tornando mais fortes e duradouros nos últimos anos, impactando de forma significativa a agricultura e o meio ambiente em geral.
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De acordo com as previsões climáticas, o El Niño que pode ocorrer no inverno brasileiro de 2023 será do tipo “costeiro”, ou seja, com aumento da temperatura próximo do litoral do Peru e do Chile. O fenômeno é diferente da ocorrência clássica, pois tende a provocar precipitações mais intensas no Sul do continente americano.
O retorno das chuvas é uma ótima notícia para os agricultores do Rio Grande do Sul, que sofreram uma quebra de safra devida à longa estiagem e ao solo com elevado déficit hídrico. Contudo, as chuvas podem vir acompanhadas do aumento de temperatura no inverno, o que pode facilitar a propagação de pragas e doenças, prejudicando as culturas que precisam de frio.
Outra região que deve receber mais precipitações é o litoral do Nordeste, o que pode ajudar nos cultivos da cana-de-açúcar, feijão e algodão. No interior da região, na área conhecida como polígonos das secas e no Vale do São Francisco, as chuvas devem ser muito abaixo da média, provocando uma grave estiagem.
A seca também atinge o Norte, tornando a região mais suscetível a queimadas. Já no Sudeste, Centro-Oeste e Matopiba, os efeitos do El Niño deverão ser sentidos com menos intensidade, embora as temperaturas possam ficar mais elevadas do que o normal, além de apresentar um aumento de chuvas.
Fonte: Mundo Educação, Brasil Escola, MetSul, Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)