Quebra de safra deve provocar impacto econômico de US$ 20 bilhões no PIB da Argentina
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O terceiro ano consecutivo de La Niña provocou a pior seca das últimas seis décadas na Argentina. A agricultura do país sofre com a quebra de safra em vários cultivos, com impacto direto no Produto Interno Bruto (PIB) em um momento de economia fragilizada e renegociação de dívidas com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
A Argentina é a maior exportadora global de soja processada e a terceira maior exportadora de milho do mundo, além de ser fornecedor importante de carne bovina e de trigo. Os prejuízos são estimados em quase US$ 20 bilhões somente nos três principais grãos do país, de acordo com a Bolsa de Comercio de Rosario, no que é equivalente a 3% do PIB nacional.
A colheita da soja, que era prevista em 47 milhões de toneladas, foi revisada para 27 milhões de toneladas. Já a expectativa para a safra de milho foi rebaixada de 55 milhões de toneladas para 35 milhões de toneladas, enquanto a estimativa de produção do trigo recuou de 21 milhões para 11,5 milhões de toneladas.
Os produtos agropecuários são os principais itens de exportações da Argentina e representaram 37,5% do número recorde de US$ 88 bilhões alcançados em 2022, de acordo com informações do governo do país. O farelo de soja representou 14,2%, enquanto a participação do milho foi de 11% e do óleo de soja, de 6,9%.
No entanto, devido à seca, houve redução de 74% no volume de embarques de grãos argentinos em fevereiro, em comparação ao mesmo período do ano anterior. Nos dois primeiros meses de 2023, o agronegócio argentino vendeu US$ 37,8 bilhões, em queda de US$ 8,4 bilhões com relação a 2022.
O Brasil é o principal mercado para os embarques argentinos e representa 14,3% do comércio de todos os produtos do país. O trigo é um dos principais itens da balança comercial; quase todo o cereal consumido pelos brasileiros é importado, e 80% das compras têm origem nas lavouras da Argentina.
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O Brasil deve aumentar as exportações de soja em grão, farelo e óleo em 2023, para compensar a quebra da safra argentina, devendo ser favorecido pela redução dos estoques finais dos Estados Unidos. A consultoria Safras & Mercado prevê que as exportações brasileiras de soja atinjam 94 milhões de toneladas em 2023, em aumento de 19% em relação a 2022.
O relatório de março do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) manteve as estimativas da safra norte-americana para 116,38 milhões de toneladas em 2022/2023, mas diminuiu a previsão de estoques finais de 6,12 milhões de toneladas para 5,72 milhões de toneladas.
Ao mesmo tempo, a produção brasileira de soja deve aumentar 20,6% em comparação com a temporada anterior, alcançando 151,42 milhões de toneladas, segundo estimativa na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Os estoques finais de soja no Brasil devem aumentar 53%, para 5,878 milhões de toneladas.
Fonte: Agência Brasil, Ministerio de Relaciones Exteriores, Comercio Internacional e Culto de Argentina, The Food Tech, Bolsa de Comercio de Rosario