Commodities: como a guerra impacta o plantio na Europa? - Summit Agro

Commodities: como a guerra impacta o plantio na Europa?

13 de julho de 2022 4 mins. de leitura

A agricultura global está sendo afetada pelos impactos diretos e indiretos da guerra entre Rússia e Ucrânia

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A guerra na Europa atingiu “em cheio” a agricultura mundial. Durante quase todo o primeiro semestre de 2022, as cotações globais das commodities sofreram oscilações bruscas devido aos impactos diretos e indiretos da alta de fertilizantes e de grãos. Nesse contexto, o Brasil tem sido afetado, sobretudo, pela dependência dos insumos.

Quando a Rússia iniciou o conflito, a Ucrânia estava em pleno início de plantio da safra de culturas importantes, como trigo-sarraceno, milho, milheto, aveia e cevada. Uma grande parte das plantações está localizada no Sul e no Leste do País, que são áreas de intenso conflito e, inclusive, sofrem bombardeios em portos, silos, máquinas e lavouras.

A safra de verão ucraniana começaria a ser colhida a partir de julho, e isso significa que, mesmo a guerra chegando ao fim (embora não haja previsão), o mercado global de commodities deverá sofrer mais pressão pela alta dos cereais, uma vez que as alternativas de produção não conseguem suprir o déficit gerado pelo conflito.

Impactos na agricultura da Ucrânia e da Rússia

Plantações ucranianas estão sendo atingidas diretamente pela guerra. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
As plantações ucranianas estão sendo atingidas diretamente pela guerra. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Em 2021, a Rússia e a Ucrânia ficaram entre os três maiores exportadores globais de trigo, milho, semente e óleo de girassol. No mercado global de insumos, os russos se destacaram pela exportação de fertilizantes, sendo o maior fornecedor de nitrogenados, vice-líder em potássio e terceiro maior exportador de fosfatados.

Como resultado do conflito, entre 20% e 30% das áreas semeadas com culturas de inverno na Ucrânia permanecerão sem colheita na safra 2022/23, segundo avaliação do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha). Mas mesmo que consigam produzir e colher, os ucranianos enfrentarão dificuldades logísticas para comercializar.

No caso da Rússia, não há indícios de uma grande interrupção das lavouras, mas as sanções internacionais trouxeram um impacto significativo nas exportações de todos os produtos russos. Isso diminui a atratividade das culturas para os agricultores e pode afetar a decisão sobre futuros plantios.

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Alternativas de produção de trigo

(Fonte: Julio Abrecht/Embrapa/Reprodução)
Plantio de trigo no cerrado apresentou produtividade excepcional em pesquisa da Embrapa. (Fonte: Julio Abrecht/Embrapa/Reprodução)

A partir do início da guerra, a cotação das commodities alcançou um patamar recorde desde 2008, quando houve uma crise financeira mundial, sendo o trigo a commodity mais afetada. Em 2021, russos e ucranianos produziam mais de 110 milhões de toneladas por ano e respondiam por 30% das exportações mundiais.

Mesmo importando a maior parte do grão da Argentina e de outros países no continente americano, a indústria brasileira sentiu o baque do conflito. No início da guerra, em março de 2022, os preços internacionais do trigo subiram 76% acima da média de fevereiro, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O plantio do cereal está ganhando espaço na agricultura brasileira com a expansão para novas áreas proporcionadas pela tropicalização da cultura. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estuda também a possibilidade de uso de sementes modificadas geneticamente para resistir ao estresse hídrico.

Em dez anos, o Brasil pode se tornar autossuficiente em trigo, acreditam os pesquisadores da Embrapa. Atualmente, o País é altamente dependente do mercado externo, importando quase metade dos 13 milhões de toneladas consumidos domesticamente.

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Fonte: Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Farm Bureau, Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)

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