Trigo: preço em alta deve afetar a mesa dos brasileiros

10 de fevereiro de 2022 4 mins. de leitura
Moinhos do País devem repassar o aumento do preço do trigo para os consumidores, setor opera com defasagem de preço desde 2020

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Relatório da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reduziu a estimativa da produção da safra brasileira de trigo de 2021/22. A previsão da colheita era de 8,19 milhões de toneladas e foi reduzida em 500 mil toneladas. Apesar da queda, a safra deve ser recorde, alcançando 7,68 milhões de toneladas. O número é maior que os 6,24 milhões de toneladas da safra anterior, mas os preços não devem baixar no mercado nacional.

Preço do trigo

Representantes da indústria afirmam que o aumento dos preços vai ser eventualmente repassado aos consumidores. O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq-USP afirma que o trigo teve um aumento de 25% no preço este ano, mas os repasses estão próximos de 12%.

Região Sul, maior produtora de trigo do País, sofreu com longas secas e até geadas. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
Região Sul, maior produtora de trigo do País, sofreu com longas secas e até geadas. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

O setor moageiro evitou aumentar os preços de itens fundamentais da cesta básica devido ao baixo poder aquisitivo da população brasileira e a consequente queda na demanda de uma série de produtos. Sendo assim, os aumentos repassados da farinha de trigo e seus produtos foram muito menores do que o aumento real do trigo.

No Paraná, maior produtor e parque moageiro do País, os donos de moinhos, que pagavam R$ 950 por tonelada de trigo no início de 2020, agora veem os preços chegarem a R$ 1,7 mil por tonelada.

Aumento na cesta básica

Um dos itens mais consumidos pelo brasileiro, o pão francês já teve alta de 7,72% nos últimos doze meses. Só em outubro o item já somou aumento de 0,78%. Os dados são do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) medidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Panificação e Confeitaria (Abip), o trigo é responsável pelo custo de 28% a 30% do preço do pão. Além disso, a energia elétrica que responde por mais 30% também está em alta histórica.

Preço de um pão com café teve aumento de 10% em um ano nas lanchonetes do Rio de Janeiro. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
Preço de um pão com café teve aumento de 10% em um ano nas lanchonetes do Rio de Janeiro. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Esses dados somados com o aumento do café, que sofreu com o clima na última safra e aumentou 28,69%, fez com que o preço do café da manhã do brasileiro tenha subido quase 10% nos últimos 12 meses.

Outro item importante da cesta básica, o macarrão, teve aumento de 12,30% entre janeiro e outubro de 2021. O aumento da farinha de trigo é de patamar semelhante, são 15,36% nos últimos 12 meses.

Por que o trigo subiu?

Além da quebra de safra o preço do trigo vem sofrendo com as flutuações do mercado externo influenciado por grandes players. Os Estados Unidos, grande produtor e exportador do grão, teve uma série de problemas climáticos que afetou a safra deste ano, diminuindo a oferta do produto mundialmente. Além disso, a China aumentou os estoques do grão para que não falte comida para a população em caso de novas ondas de coronavírus.

Outro fator que jogou o preço do trigo para cima foi o preço do milho. Com a alta do principal alimento de rebanhos, a indústria agropecuária investiu na compra do trigo como substituto nas rações.

Com toda a demanda pelo grão, o produtor de trigo prefere a venda ao mercado externo se aproveitando da alta do dólar para bater lucros recordes. Dessa forma, o mercado interno sofre pressão de alta dos preços.

Fonte: My Farm, Cepea.

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