Rússia se tornar a maior potência agroalimentar do mundo é um dos objetivos desta guerra

9 de março de 2022 3 mins. de leitura
Tejon analisa o agronegócio em meio à guerra da Ucrânia

Por José Luiz Tejon Megido

A Rússia é o maior exportador de trigo do planeta. Donbass, na Ucrânia, já sob domínio russo nesta guerra fratricida, além de uma realidade na produção de cereais, maior do mundo em óleo de girassol, é um solo perfeito, fertilíssimo, plano para compor com a Rússia a estratégia de um gigantesco poderio agroalimentar ao lado da sua supremacia em petróleo, gás e minérios, uma das armas mais poderosas na disputa pelo poder militar e estratégico do planeta.

Essas visões estão sendo debatidas na França, de onde escrevo esta coluna, com as seguintes autocríticas da Europa a ela mesma sobre o ponto de vista dos alimentos e da sua segurança. Primeiro, desativou sua política protecionista agrícola ao longo de anos a favor da paz internacional.

Segundo, a agricultura europeia não tem progredido em sua produtividade. Da mesma forma, consideram os europeus, que a guerra Rússia e Ucrânia deverá diminuir o discurso climático e apontar a curto prazo para produção, e o fator ambiental ser uma bússola de longo prazo, e o foco voltaria a ser produtividade e produção agrícola.

Terceiro ponto: agricultura é considerada um setor maior. Vital na economia, na humanidade, no meio ambiente e na estratégia. Renovar as gerações agrícolas passa a ser fundamental na França. E sobre isso no salão de agricultura de Paris, o fator mais surpreendente, o grande centro das atrações está na presença da mulher produtora francesa, significando já 25% das fazendas sob responsabilidade delas. Na França, nos últimos 10 anos, cerca de 100 mil propriedades rurais desapareceram.

A guerra Rússia Ucrânia reacendeu a política agrícola competitiva europeia e iremos ver busca de autossuficiência.

Para o Brasil, há uma oportunidade monumental. Se nos posicionarmos como país da paz, confiável no comércio e criarmos um plano estratégico buscando 500 milhões de toneladas de grãos nos próximos oito anos, além de autossuficiência no trigo, seremos nós o Brasil de fato a maior potência agroalimentar do mundo. Além disso, também agroambiental. Junto disso tudo, agroindustrial no antes e no pós-porteira das fazendas.

Temos tudo aqui. Ciência, tecnologia, recursos humanos, terras agricultáveis sem cortar uma árvore e ótimas escolas a disposição para mais educação, além de extraordinários produtoras e produtores rurais.

Tudo pode dar certo se não nos faltar, compreendendo a nossa missão, a lucidez da razão que orienta com a boa emoção que movimenta. Como o ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Roberto Rodrigues nos fala: Brasil o país da paz, do alimento, “está escrito nas estrelas”: potência agroalimentar e ambiental do planeta Terra.

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