Mercado aumenta estimativa de inflação e crescimento do PIB

27 de abril de 2023 4 mins. de leitura
Inflação oficial em 2023 deve ficar acima do teto da meta e, com isso, a taxa Selic continuará alta até o final do ano, prevê o mercado financeiro

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Analistas financeiros elevaram a projeção de inflação para este ano pela segunda vez, segundo o Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central (BC) em 10 de abril. A expectativa para a alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2023 subiu em 0,02 ponto percentual, atingindo 5,98%, um valor acima do teto da meta, que é de 4,75%.

A estimativa de aumento do Produto Interno Bruto (PIB) subiu para 0,91% em 2023, conforme pesquisa semanal do BC, antes a previsão era de 0,90%. Para a taxa básica de juros (Selic), não houve mudanças no cenário, com o índice calculado em 12,75% ao final de 2023, com manutenção em 13,75% na próxima reunião de política monetária.

A expectativa é que, com a retomada da economia e o aumento da demanda, os preços continuem subindo nos próximos meses. Por outro lado, a elevação da projeção de crescimento do PIB para 2023 sugere um otimismo dos analistas em relação à recuperação da economia brasileira nos próximos anos.

Custos de alimentos devem empurrar inflação

Os preços de alimentos continuarão sendo pressionados pela elevação de custos. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
Os preços de alimentos continuarão sendo pressionados pela elevação de custos. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

O aumento da projeção de inflação pelo mercado financeiro se deve, em grande parte, ao aumento nos preços dos alimentos e dos combustíveis, além da desvalorização do real frente ao dólar. A expectativa é que, com a retomada da economia e o aumento da demanda, os preços continuem subindo nos próximos meses.

No primeiro trimestre de 2023, o grupo de alimentação e bebidas teve um avanço acumulado de 0,81%, uma inflação abaixo do índice geral que acumulou 2,09%. Contudo, os produtos agropecuários registraram as maiores altas entre os itens analisados. A abobrinha avançou 85,32%, e o preço da cenoura e do morango tiveram um crescimento de 80,64% e 56,85%, respectivamente.

Embora a variação de valores no agronegócio tenha um forte componente sazonal, os especialistas acreditam que os custos de produção continuarão subindo e, com isso, o aumento de preço dos alimentos continuará pressionando a inflação até o final do ano.

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Agronegócio deve sustentar crescimento do PIB brasileiro

O agronegócio representa um quarto do PIB brasileiro. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
O agronegócio representa um quarto do PIB brasileiro. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

O agronegócio pode ser a salvação da economia brasileira em 2023, evitando que o País acumule dois trimestres seguidos de retração, o que caracterizaria a recessão técnica. O setor pode crescer até 10% na geração de valor, impulsionando o crescimento do PIB do Brasil até 1,3%, avaliam bancos e consultorias.

Um dos principais motivos para esse resultado é a safra recorde de grãos, que deve somar 302 milhões de toneladas, um avanço de 14,7% em relação a 2022, de acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de janeiro do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O aumento da produção deve impulsionar outros setores da cadeia do agro, como os de máquinas e equipamentos, insumos e logística, mesmo em um cenário de juros altos e de desempenho fraco da economia brasileira em geral.

Riscos na economia global

A economia global tem se mostrado resistente a diversos choques, mas ainda não superou uma combinação de crescimento fraco e inflação persistente, afirmou Kristalina Georgieva, diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), durante coletiva de imprensa em Washington.

Apesar do FMI prever um crescimento global de 2,8% para 2023, Georgieva alertou que esse número não é suficiente para gerar oportunidades para empresas e pessoas em todo o mundo, e que a projeção de crescimento fraco por um longo período é ainda mais preocupante.

O FMI também alertou sobre um possível surto de turbulência no sistema bancário que pode sufocar empréstimos e desencadear uma busca por ativos considerados seguros, o que levaria o crescimento global de volta a 1%, colocando muitas economias em recessão e gerando tensões nas economias de mercados emergentes.

Fonte: Estadão, Infomoney, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

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