Os agricultores nos Estados Unidos já sentem os efeitos do aumento da procura de esterco para substituir os fertilizantes nas lavouras
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O mercado global de fertilizantes já estava em um equilíbrio frágil antes da guerra contra a Ucrânia. Enquanto o conflito no leste europeu não tem previsão de acabar, o agronegócio pode entrar em colapso, já que, até o esterco, que era um problema para os pecuaristas, virou uma commodity rara e corre o risco de sumir.
Nos Estados Unidos, os produtores de gado estão com os resíduos dos animais vendidos até o final do ano, segundo o vice-presidente de agronomia e serviços ao cliente na Nutrient Advisors, Allen Kampschnieder. O valor do esterco de boa qualidade chega a US$ 14 por tonelada no Estado de Nebraska, enquanto a média do mercado era de US$ 5 a US$ 8.
O aumento da procura pelo adubo animal está influenciando também no preço e na escassez de equipamentos para o processamento do insumo. A KanEquip Inc., localizada no Kansas (Estados Unidos), está com a demanda esgotada de máquinas New Holland, mesmo com uma alta de 10% em relação ao preço normal de US$ 30 mil.
“De olho” na oportunidade do mercado, a Granja Faria planeja investir R$ 50 milhões para implantar três fábricas de esterco no Brasil e faturar R$ 140 milhões ainda este ano.
A companhia tem 14 milhões de galinhas em 20 granjas e pretende produzir 200 mil toneladas de adubo por ano. Cerca de 30% do volume será destinado à produção de grãos do grupo Insolo, que faz parte do conglomerado empresarial.
A indústria foi batizada de Fertifar, em alusão a Ricardo Faria, proprietário da holding. A primeira unidade, em Darcinópolis (TO), começou a produzir em 2021 em formato-piloto, com o esterco destinado apenas para as propriedades da Insolo e fazendas menores em cidades vizinhas.
A segunda planta foi inaugurada em abril, em Lavras (MG), com a capacidade de produção de 100 mil toneladas em 2022 que serão destinadas ao mercado nacional. A terceira unidade será instalada em Arapongas (PR) até dezembro e deve produzir outras 35 mil toneladas de adubo.
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A utilização do esterco como fertilizante para a produção agrícola é o principal mecanismo aceito para a eliminação de dejetos das operações de alimentação dos animais. No entanto, alguns cuidados devem ser tomados para adequar os nutrientes disponíveis no insumo àqueles necessários para a cultura.
Apesar de ser considerada uma opção sustentável, em comparação aos fertilizantes minerais, o uso de esterco deve ser planejado para evitar a contaminação de recursos hídricos pelo processo de lixiviação de nutrientes. O excesso de fósforo e nitrogênio pode prejudicar a qualidade da água para os consumos humano e animal.
Antes da aplicação no solo, o esterco deve ser curtido para eliminar a presença de micro-organismos nocivos à saúde humana. A compostagem é um dos processos mais indicados para tratar o dejeto, mas alguns produtores preferem deixar o material em repouso na água para utilizá-lo em formato de adubo orgânico líquido.
Fonte: Reuters, Compre Rural, Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA), MF Rural