Quase a totalidade da olivicultura mundial se concentra em países de clima mediterrâneo, mas regiões subtropicais têm despontado nas últimas décadas
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Os países de clima mediterrâneo produzem mais de 3 milhões de toneladas de azeitonas por ano e concentram 95% da produção mundial. Contudo, nas últimas décadas, países com clima subtropical, como Argentina, Chile e Uruguai, começaram a despontar no cenário internacional da olivicultura.
O Brasil, apesar de ser o terceiro maior consumidor global de azeites e azeitonas, é totalmente dependente de importação e gasta aproximadamente R$ 400 milhões por ano com a compra desses produtos, 86% vindos da União Europeia e 13,4% da Argentina.
Agricultores brasileiros, em especial do Rio Grande do Sul, começam a se organizar para cultivar oliveiras em larga escala. Em 2020, os gaúchos já alcançaram 6 mil hectares plantados com 25% das lavouras em produção.
A oliveira não exige solo muito fértil nem regime hídrico especial, mas não tolera terra encharcada. O florescimento e a frutificação das azeitonas precisam de temperaturas baixas, mas não suportam invernos rigorosos.
Imigrantes portugueses, espanhóis e italianos encontraram as condições ideais para a olivicultura em alguns microclimas brasileiros. Dessa forma, regiões da Serra da Mantiqueira nos estados de Minas Gerais e São Paulo, com altitudes maiores que mil metros, e regiões do Sul, como Rio Grande do Sul e Santa Catarina, têm sido cenário para o cultivo de oliveiras desde o início do século passado.
A produção brasileira, entretanto, não consegue atender nem a 1% da demanda interna de consumo, o que abre caminho para novos investimentos e tem despertado o interesse de empreendedores. Os olivais estão concentrados no Rio Grande do Sul, que tem cerca de 200 produtores cadastrados, nove plantas extratoras de azeite e mais de 30 marcas do produto.
A consolidação da olivicultura no Brasil também enfrenta desafios relativos a produção, agroindústria, regulamentação e aceitação do mercado. Nos olivais, o principal problema é a temperatura; as lavouras precisam de 200 horas a 1 mil horas de temperaturas abaixo de 7,2°C para as gemas vegetativas se transformarem em gemas florais. E outros fatores climáticos podem afetar o florescimento, como temperaturas acima de 30°C durante o dia e excesso de chuva e vento na floração.
Outra dificuldade é quanto à extração do azeite. Ainda não existem equipamentos nacionais para suprir a cadeia produtiva das azeitonas, o que leva à necessidade de importação de maquinário, e a falta de assistência técnica para a manutenção pode provocar a baixa eficiência na produção.
Por fim, a olivicultura enfrenta a falta de legislação que defina rótulos e padrões de qualidade para os azeites. Com isso, o mercado fica sujeito a fraudes e dificulta que o consumidor encontre parâmetros para escolher o melhor produto.
Fonte: Secretaria Estadual de Agricultura do Rio Grande do Sul, Infobibos, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio Grande do Sul (Sebrae-RS).