Soja convencional tem custos parecidos com o do grão transgênico, mas mercado paga prêmio até 15% superior
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A soja convencional ocupa 900 mil hectares, o que corresponde a apenas 2% da área total dedicada ao grão no Brasil. No entanto, a demanda da União Europeia e da Ásia pela variedade não transgênica tem crescido, por isso as lavouras brasileiras sem modificação genética devem aumentar nos próximos anos.
Grande parte da produção tem como destino a ração animal devido ao alto valor proteico. A soja consumida in natura na alimentação humana é uma parcela muito pequena da colheita total, mas exige um rigor maior na manipulação genética, proporcionando um prêmio maior para a commodity premium.
A maior quantidade da soja convencional tem como destino a produção de leite de soja, farelo e farinha, que se tornam hambúrgueres de fast-food, tofu e outros produtos. O grão também é utilizado para ração destinada a um público com poder de compra maior, como salmão do Chile e da Noruega e porcos e gado da Europa.
Para 2022, o Instituto Soja Livre estima que a área de soja convencional deve crescer entre 5,6% e 8% no Mato Grosso, estado responsável por mais da metade da produção nacional. Em Minas Gerais, o grão não transgênico pode avançar 40 mil hectares em novas áreas e 25 mil hectares no Tocantins.
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A soja convencional não tinha variedades com nível de produtividade para competir com os transgênicos; no entanto, essa relação tem sido invertida. O grão não transgênico, além de permitir pagamentos superiores, proporciona uma rotação de culturas e de herbicida, podendo enfrentar infestações de plantas daninhas resistentes a glifosato.
O grão convencional é o único permitido por lei para ser plantado em áreas limítrofes a parques nacionais. Algumas novas variedades têm potencial produtivo maior, resistência a seca, permitem a redução de uso de agrotóxicos e têm ciclos precoces. Além disso, não é necessário pagar royalty, o que torna a produção não transgênica mais barata.
Os custos produtivos são semelhantes entre a soja convencional e transgênica, ficando em média a R$ 3,4 mil por hectare. Os mesmos insumos podem ser aplicados nos dois tipos de lavoura, e o manejo também é parecido, por isso muitos produtores têm uma parcela de soja sem modificação genética em suas propriedades rurais.
Em 2022, pelo menos mais 13 variedades estarão disponíveis para o sojicultor a partir do Instituto Soja Livre (ISL). Entre elas, a BRS 7582, desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), um cultivar convencional com ciclo precoce de 100 dias no Mato Grosso, 107 na Bahia e 115 no Distrito Federal e nas regiões de adaptação em Minas Gerais e Goiás. A estatal está desenvolvendo outras variedades para serem lançadas no ano que vem.
A Ansc 72050, produzida pela Agro Norte Pesquisa e Sementes, chega a ter ciclo de 90 dias no Tocantins e 125 dias no Mato Grosso do Sul. A empresa tem um portfólio com cinco variedades convencionais, algumas com potencial produtivo superior a cinco toneladas por hectare. Outro lançamento recente é a TMG 4377, indicada para cultivares precoces com alto potencial produtivo, boa capacidade de crescimento, abertura de plantio, alto peso de grãos e resistência a cisto.
Fonte: Instituto Soja Livre (ISL), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Agronorte Pesquisa e Sementes, TMG.