Inovação com tecido sintético reverte disfunção erétil em porcos

2 de março de 2023 4 mins. de leitura
“Pênis biônico” contribui para reverter lesões e restaurar a função erétil em porcos

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Cientistas da Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul da China desenvolveram um “pênis biônico” com material sintético que repara lesões e restaura a função erétil em porcos, conforme o artigo publicado no início do ano na revista científica Matter. A inovação tem potencial para ser aplicada também em seres humanos.

Os resultados sugerem que um material sintético chamado túnica albugínea artificial (ATA), que imita uma bainha fibrosa de tecido necessária para manter ereções, apresenta potencial promissor para a reparação de lesões penianas. Apesar de ser artificial, o dispositivo tem propriedades biomecânicas semelhantes às do material orgânico.

“Prevíamos amplamente os problemas e os resultados do processo de construção da ATA, mas fomos surpreendidos pelos resultados nos experimentos com animais, em que o pênis recuperou a ereção normal imediatamente após o uso”, disse Xuetao Shi, pesquisador da universidade e autor do estudo.

Para que o “pênis biônico” foi criado?

Porco com pelos pretos e cinzas pastando em um campo verde
Com organismo semelhante ao humano, os porcos são usados em pesquisas científicas para descobertas de tratamento e doenças. (Fonte: Brett Sayles/Pexels/Reprodução)

A pesquisa se concentrou na produção de biomateriais para abordar questões de saúde reprodutiva masculina, incluindo disfunção erétil, infertilidade e doença de Peyronie. Para tanto, os cientistas se concentram em reparar os danos na túnica albugínea, uma camada fibrosa que envolve o corpo cavernoso do pênis para manter ereções.

“Notamos que essa é uma área que recebeu pouca atenção, mas a necessidade relacionada é enorme”, disse Shi. Cerca de metade dos homens entre 40 anos e 70 anos já sofreu algum tipo de disfunção erétil, enquanto outros 5% são atingidos por deformidades no pênis, lesões e dores provocadas pela doença de Peyronie.

O estudo é inovador porque focou a restauração da função erétil, enquanto pesquisas anteriores foram direcionadas à reparação da uretra. O mecanismo artificial também supera dificuldades do uso de enxertos com outros tecidos do corpo, que podem ser rejeitados pelo sistema imunológico e gerar outras complicações.

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Como funciona a inovação?

Ilustração demonstrando a estrutura sintética simula material natural do pênis
Estrutura sintética simula material natural do pênis. (Fonte: Matter/Reprodução)

A ATA é uma estrutura sintética que mimetiza a bainha de tecido fibroso necessária para manter ereções. O dispositivo é produzido a partir de álcool vinílico (PVA), uma resina biocompatível e solúvel em água. A estrutura de fibras do “pênis biônico” é semelhante à do tecido natural, para imitar o mecanismo do corpo.

O PVA é injetado no pênis por meio de um adesivo que forma uma nova camada para suportar a ereção. “Esse design não é limitado ao design biomimético de tecidos de túnica albugínea, podendo ser estendido a muitos outros tecidos suportadores de carga”, indica o estudo. A equipe de pesquisa planeja investigar técnicas para reparar coração e bexiga, entre outros órgãos.

Os pesquisadores analisaram o efeito dos adesivos de ATA após um mês e descobriram que, embora o tecido artificial não tenha restaurado a microestrutura do tecido natural circundante, ele desenvolveu fibrose comparável à do tecido normal e alcançou uma ereção normal após a injeção do material no pênis.

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Fonte: Science Daily, Matter

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