Vietnã desenvolve primeira vacina contra a peste suína africana

29 de julho de 2022 4 mins. de leitura
Segurança e eficácia da vacina contra a peste suína africana foram confirmadas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos

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O Vietnã emitiu uma licença comercial para a primeira vacina do mundo contra a peste suína africana (PSA). O imunizante foi desenvolvido pela Navetco, empresa ligada ao Ministério da Agricultura e do Desenvolvimento Rural do país, em parceria com cientistas dos Estados Unidos. As pesquisas começaram em 2019, quando um surto foi registrado no país asiático.

Para testar a segurança e eficácia da vacina foram feitos cinco ensaios clínicos, e o produto teve uma taxa de sucesso de 100%. Os resultados foram relatados em um artigo publicado no Journal of Science Veterinary Medicine in Vietnam e confirmados por análises do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

O fármaco foi produzido a partir do vírus atenuado geneticamente e oferece uma imunidade de seis meses para os animais. O produto deve custar menos de US$ 2 e pode ser exportado para outros países; contudo, ainda não há previsão de comercialização e depende de autorização de cada autoridade sanitária nacional.

Disseminação da peste suína africana

(Fonte: Embrapa/Reprodução)
O vírus da PSA não foi disseminado nas Américas como ocorreu nos demais continentes. (Fonte: Embrapa/Reprodução)

A peste suína africana foi identificada no início do século 20, no sul e no leste da África. A partir dos anos 1960, houve uma disseminação em Portugal e Espanha, além de países da América Latina, inclusive no Brasil, mas esses primeiros surtos foram contidos, e as doenças foram erradicadas.

Entretanto, em 2007, a enfermidade foi identificada na Geórgia e rapidamente se espalhou pela Rússia, Bielo-Rússia e Ucrânia. Sete anos depois, a doença avançou para outros países do leste europeu, chegando até a Bélgica, a China e a República Dominicana.

Se a doença chegasse aos Estados Unidos, geraria mais de US$ 16,5 bilhões, enquanto que, no Brasil, seriam US$ 5,5 bilhões em perdas, segundo estimativa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

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Recuperação da produção chinesa

China teve de abater 60% do rebanho de suínos para conter doença. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
China teve que abater 60% do rebanho de suínos para conter doença. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

A China, que responde por mais de 40% do rebanho suíno do mundo, teve que abater mais de 200 milhões de porcos desde setembro de 2018, quando registrou o primeiro surto de PSA. Os chineses sofreram durante três anos com a crise sanitária, aumentando as importações de carne.

A situação favoreceu os produtores brasileiros de proteínas, que tiveram as exportações impulsionadas para o gigante asiático. Em 2017, o Brasil embarcou 211 mil toneladas de carne para a China, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). O volume subiu para 322 mil toneladas em 2018, alcançou 497 mil em 2019 e 868 mil em 2020.

No ano seguinte, a produção chinesa começou a se recuperar e atingiu 52,96 milhões de toneladas, patamar um pouco abaixo ao registrado antes dos surtos. Com isso, as exportações brasileiras de carne para a China caíram para 732 mil toneladas.

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Fonte: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Departamento de Saúde da Província de Thai Ngueyn/Vietnã, Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), Reuters, Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carnes (Abiec), Vietnam News

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