Técnicas permitem que agricultores evitem queimadas e recuperem solos em áreas afetadas por incêndios
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As queimadas na Amazônia e no Pantanal ocuparam a atenção internacional ao longo de 2020. Líderes mundiais, como o presidente francês Emmanuel Macron, fizeram declarações que podem associar o agronegócio brasileiro ao desmatamento de biomas, por isso agricultores têm muito a contribuir para a recuperação de áreas afetadas por incêndios.
Ao contrário do que se pensa, o uso indiscriminado do fogo para limpar e preparar o terreno antes do plantio causa danos ao solo, como a eliminação de nutrientes, o que acaba prejudicando a lavoura. Além disso, a prática é perigosa para a biodiversidade, a dinâmica dos ecossistemas e a qualidade do ar.
Dessa forma, opções de reestruturação de ecossistemas, como correção do solo, reflorestamento e uso de terraços e banquetas, têm sido difundidas para a restauração de áreas afetadas pela queima. Mais do que isso, técnicas como sistemas agroflorestais, sistema de plantio direto e integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) podem ser utilizadas em alternativa ao fogo.
As queimadas podem ocorrer de forma natural ou ser provocadas. Em ambientes como o cerrado brasileiro, o fogo favorece a renovação do bioma, uma vez que sementes de algumas espécies de plantas germinam no calor; nesse caso, a restauração da vegetação é rápida e ocorre sem intervenção humana. Entretanto, a maioria dos incêndios acontece por ação direta do homem e geralmente é realizada em áreas agrícolas, de pecuária e silvicultura.
Além de gerar multa de até R$ 50 milhões por hectare, o fogo descontrolado danifica o solo e prejudica sua fertilidade no longo prazo. Dessa forma, o produtor precisa recuperar a área incendiada antes do plantio da lavoura.
Em áreas agrícolas, após a queimada é recomendável realizar o preparo do solo, importante para romper a camada compactada formada, aumentando a aeração da terra e a infiltração da água. É preciso, também, fazer uma análise da área para verificar a necessidade de calagem ou da aplicação de fertilizantes.
Apesar de o uso do fogo ser bem difundido na agricultura brasileira, existem diversas técnicas alternativas às queimadas, entre elas o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta e o plantio direto. E a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tem desenvolvido outras práticas, como os sistemas agroflorestais e a trituração da capoeira.
O manejo do solo sem uso de fogo também pode ser realizado pela rotação entre lavoura e pastagem, uma técnica muito comum para nutrir o solo. Uma área, utilizada há quatro ou cinco anos como pasto, vai perdendo nutrientes, então o solo pode ser fortalecido com o plantio de grãos em alternância.
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Fonte: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Pensamento Verde, Aegro.