Presença de árvores melhora a qualidade das pastagens

27 de setembro de 2023 4 mins. de leitura
Pesquisa da Embrapa analisou a melhoria das pastagens integradas a sistemas de ILPF

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A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é uma técnica de manejo da produção agrícola que otimiza os resultados e mitiga os problemas ambientais causados pelo agronegócio. Agora, um estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) demonstrou que a presença de árvores nas pastagens é muito benéfica para a pecuária.

ILPF é um sistema de produção agropecuária que combina diferentes atividades agrícolas, pecuárias e florestais em uma mesma área, buscando a melhor solução para todas as práticas. O seu objetivo principal é otimizar o uso da terra, evitando seu desgaste e promovendo a sustentabilidade ambiental, além de buscar otimizar todo o sistema produtivo.

Um dos principais benefícios da ILPF é a captura de carbono realizado pelas árvores plantadas. Esse carbono volta para o solo, melhorando a sua qualidade, reduzindo a erosão e ajudando a conservar a biodiversidade. A presença de árvores também ajuda a conservar a água no solo, além de fornecer madeira para diversas atividades do agro.

Pastagens com árvores contêm plantas com maior teor nutritivo. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
Pastagens com árvores contêm plantas com maior teor nutritivo. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Benefícios da presença de árvores nas pastagens

Uma pesquisa da Embrapa Pecuária Sudeste, publicada no The Journal of Agricultural Science, debruçou-se sobre os benefícios da presença das árvores nas pastagens e os cuidados necessários para obtê-los. A pesquisa demonstrou que um pasto sombreado tem características nutritivas superiores do que um similar a pleno sol. 

Além disso, a forragem de pastos em um sistema silvipastoril apresenta um teor elevado de proteína bruta e componentes arbóreos, que significam uma melhor qualidade nos alimentos oferecidos aos animais.

As pastagens do ILPF tem menos energia disponível para seu crescimento, portanto, as plantas se adaptam morfologicamente para realizar o melhor aproveitamento da luz e dos nutrientes disponíveis. Isso se reflete em plantas com características nutritivas superiores, geralmente tendo folhas mais finas e com alta área foliar específica (AFE), para aumentar a interceptação da luz.

A presença de árvores também reduz o escoamento superficial e, com isso, camadas mais profundas do solo são usadas para a captação de água. Isso aumenta o uso total da água no sistema, beneficiando várias etapas do processo produtivo.

Outros benefícios da presença de árvores nas pastagens são as sombras que geram para os animais, que podem ter um desempenho melhor sob menor estresse térmico. As plantas expostas às sombras também têm um maior teor de enzimas concentradas nas folhas que ficam disponíveis para os animais. 

A pesquisa também demonstrou que as plantas nos sistemas ILPF são melhor digeridas. Esse fator está ligado às temperaturas elevadas no manejo a pleno sol, que aumenta o teor de fibras nas forrageiras e reduz a qualidade e digestibilidade das plantas.

Como é possível notar, os sistemas ILPF apresentam muitas vantagens para a pecuária, além de colaborarem com a proteção ambiental e dar uma nova fonte de renda para os produtores com as madeiras.

ILPF traz benefícios produtivos e ambientais. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
ILPF gera benefícios produtivos e ambientais. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

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Cuidados necessários no ILPF

Para aproveitar ao máximo a presença das árvores no ILPF, porém, é preciso ter alguns cuidados. O sombreamento do terreno não deve ser excessivo, para isso o plantio das árvores deve ser efetuado na distância adequada. Além disso, as árvores precisam ser podadas, garantindo a incidência correta da luz na pastagem.

A medição pode ser realizada por meio de um medidor de radiação de luz fotossinteticamente ativa (PAR). A indicação da Embrapa é que, quando o medidor apresentar um sombreamento de 35%, é hora de realizar o manejo das árvores, seja com desrama, seja com desbaste. 

Outros produtores afirmam que o medidor não é uma necessidade, basta analisar alguns elementos do sistema, como a estabilização do crescimento das árvores, o vigor das pastagens e o diâmetro dos troncos. O corte também pode ser feito pela oportunidade da exploração da madeira na propriedade ou para venda.

Fonte: Embrapa, Cambridge – The Journal of Agricultural Science.

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