A retomada na economia, especialmente nos países desenvolvidos, deve manter o mercado aquecido para as commodities brasileiras
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Durante os piores momentos da crise causada pela covid-19 no ano passado, o agronegócio foi um dos únicos setores da economia brasileira que se manteve aquecido. Agora, com os avanços na vacinação em todo o mundo e a criação de protocolos para manter o comércio girando em meio às crises, mais atividades estão sendo retomadas, em um movimento de normalização da economia. Isso tudo contribui para que as perspectivas do agronegócio sejam positivas no que diz respeito à safra 2022 de commodities brasileiras.
Essa normalização vem primeiro na demanda — cada vez mais aquecida — do que na oferta, que está se recuperando gradualmente. Dessa maneira, os altos preços registrados em 2020 devem ser mantidos, até como incentivo para que os produtores aumentem suas entregas na lavoura. Segundo números divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a elevação dos preços internacionais em 2021 deve ser de 35,3% na soja, 26,9% no milho e 2,7% no arroz, por exemplo. Por mais que esse movimento de alta tenha arrefecido, os novos patamares de preços devem continuar na próxima safra.
Naturalmente, sempre há fatores que causam preocupação, como as adversidades climáticas que afetaram a colheita do milho, a volatilidade do mercado de feijão e o retorno da produção de arroz no sudeste da Ásia. Além disso, as altas dos preços refletem aumentos de custos para os produtores: ração, fertilizantes, defensivos… tudo aumenta. Ainda assim, para a Conab, as perspectivas para as commodities brasileiras na próxima safra são animadoras. Por isso, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) projeta alta de 1,7% no Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário em 2021 e de 3,3% para o próximo ano.
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O arroz já estava com preços elevados antes da pandemia por causa da crise hídrica na safra de inverno tailandesa. Isso contribuiu para o aumento de preços e a alta demanda pelo produto brasileiro. Porém, com a retomada da produção na Ásia e o equilíbrio da oferta com a demanda, os preços devem se manter nos mesmos patamares no próximo ciclo.
Já o mercado de feijão, que apresentou inconsistências na safra passada, tem expectativas de aumento da área plantada e, principalmente, de produtividade na safra 2022. O estoque está baixo, o que ajuda a manter os preços e a rentabilidade nesse setor do agronegócio.
Mesmo não sendo uma commodity alimentícia, a pluma de algodão é essencial para a retomada da indústria têxtil. Com o dólar valorizado e queda da produção nos EUA, a pluma brasileira foi bastante valorizada no mercado internacional, por isso boa parte da produção de algodão já está comercializada.
Assim como ocorreu com outras commodities brasileiras, o preço do algodão deve parar de aumentar, mas não tende a diminuir no futuro próximo, muito menos aos níveis pré-pandemia. Isso, somado ao fato de que os fornecedores brasileiros querem se firmar internacionalmente, deve fazer aumentar a produção e a área plantada de algodão na próxima safra.
Essa foi uma das commodities brasileiras que mais sofreu com as adversidades climáticas na última safra. Com a queda na produtividade, o preço mais que dobrou nos últimos 12 meses, e o grão precisou ser importado.
Nesse cenário, a Conab acredita que haverá maior interesse em plantar milho, ainda que na segunda safra, já que a primeira é direcionada à soja. A produtividade também deve crescer bastante em comparação com este ano, embora a área plantada deva aumentar. Com isso, é possível que alguns produtores de outros grãos, como feijão, migrem para o milho.
Também é interessante observar que esse aumento na produção pode não se traduzir em aumento nas exportações, já que os preços internos também estão elevados e é vantajoso vender o milho aqui no Brasil.
A principal commodity brasileira, da qual nosso país é o maior produtor, deve manter os preços elevados de 2020/2021 na safra 2022. Mesmo com o aumento gradativo da oferta e expansão da área plantada, a demanda constantemente aquecida mantém os estoques baixos.
A alta do dólar faz que o mercado internacional seja mais favorável aos produtores brasileiros, enquanto o aumento da demanda interna para alimentação animal e biodiesel oferece boas perspectivas também no mercado nacional.
Fonte: Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).