Preço das commodities está maior do que antes da pandemia, e custos de produção pressionam margens da cadeia do agronegócio
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Os preços das commodities agrícolas atingiram níveis recordes tanto no mercado internacional quanto no doméstico, mesmo com os últimos 12 meses sendo marcados pela pandemia. Esse cenário de valorização deve continuar em 2021, de acordo com a avaliação da Consultoria Agro do Itaú BBA. E a alta deve permanecer pressionando as margens de toda a cadeia produtiva do agronegócio.
“Tivemos um ano atípico, complicado”, comenta Guilherme Pessini, superintendente de agronegócios do banco. Apesar disso, os riscos de logística e de produção previstos no início da pandemia não se materializaram. “A segunda onda de covid-19, com a interiorização, ainda poderá ter impacto, mas é um grande ano para agricultura brasileira”, avalia o superintendente.
Os preços estão passando por um ciclo duradouro de elevação, garante Guilherme Bellotti, gerente da Consultoria Agro do Itaú BBA: “Os fundamentos têm sido grandes propulsores dos aumentos que temos observado”. Entre eles, o baixo estoque mundial de commodities, a recuperação da economia global e a desvalorização do dólar frente a várias moedas.
O cenário de recomposição do rebanho suíno chinês em um modelo de produção industrializado, baseado em rações, tem favorecido a valorização da soja e do milho. “Historicamente, a China não tem sido um grande player no mercado internacional de milho, mas o reboque da recuperação do rebanho suíno chinês e de outras proteínas contribui para o cenário de aumento de demanda de soja e milho”, avalia Bellotti.
Considerando os preços em dólar, no último ano a soja teve valorização de 62% e o milho, de 48%. Em real, o valor dos grãos dobrou. “O milho perdeu a correlação de energia e virou para alimentos”, explica Pessini. O executivo ressalta que o milho é uma commodity com grande potencial de produtividade, da ordem de grandeza de duas vezes maior em condições de faturamento em comparação à soja.
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“Nós teremos uma moagem de cana menor na safra 2021/2022″, estima Bellotti. A perspectiva do executivo do Itaú BBA é que haja redução de 3,5% do volume de cana moída entre abril de 2021 e maio de 2022. O mix açucareiro deve ficar em torno de 46%, pois o valor do açúcar ainda é mais atrativo do que o do etanol.
O cenário, entretanto, apresenta alguns riscos. Os aumentos de custos de produção e os desafios do mercado doméstico, como a dificuldade de repasse da alta de preço aos consumidores finais e de recuperação da economia por conta da lentidão na vacinação, preocupam o setor.
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Fonte: Agro em Pauta – Itaú BBA.