Projeto do Embrapa fortaleceu produção de pupunha por agricultores familiares no litoral paranaense
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Um projeto utilizou o palmito de pupunha para transformar a realidade de produtores rurais. Com 6 milhões de hectares de Mata Atlântica, o Paraná é o estado brasileiro com maior incidência da vegetação nativa. A maior parte do bioma está no litoral, onde os municípios têm uma maior proporção de cobertura vegetal por território.
Há cerca de 20 anos, parte da floresta estava devastada. Com grande restrição para o desenvolvimento da agricultura, a prática do extrativismo do palmito-juçara, nativo da região, ganhou força. No entanto, ao ser colhido, o produto provoca a morte da árvore.
Para atingir a idade adulta, o palmito-juçara demora de 10 a 12 anos, o que levou a palmeira a ficar ameaçada por extinção e a colheita ser proibida. Isso levou a Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária (Embrapa) a procurar uma solução para garantir a renda dos trabalhadores locais, aliada à preservação do meio ambiente.
A alternativa encontrada foi a implantação do cultivo de uma espécie nativa do norte do Brasil. No período de 2000 a 2020, o projeto Pupunha para palmito na agricultura familiar, realizado pela Embrapa Florestas (PR) e por parceiros, desenvolveu um sistema de produção adaptado para a região com espaçamento, adubação, tratos culturais, controle de doenças e inovações no processamento.
A palmeira introduzida apresenta vantagens como o início da produção após 18 meses do plantio e capacidade de adaptação ao clima e solo do litoral paranaense. A árvore continua produzindo por mais de 15 anos, mesmo com a realização de colheitas anuais. Diferente do juçara, o pupunha in natura não oxida e tem gosto mais adocicado.
Nos 20 anos de projeto, o número de mudas plantadas de pupunheira saltou de 100 mil para 10,1 milhões, segundo o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR). As plantas são cultivadas por cerca de mil agricultores em uma área de 2 mil hectares nos municípios de de Paranaguá, Morretes, Antonina, Guaraqueçaba, Pontal do Paraná, Matinhos e Guaratuba.
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Nas últimas duas décadas, a média de crescimento anual da produção foi de 26%. O valor bruto do palmito no Paraná, que era de R$ 480 mil em 2001, passou para R$ 50,2 milhões em 2019. Atualmente, o produto é cultivado por cerca de mil agricultores e beneficiado por nove agroindústrias da região.
Somente em 2020, os benefícios econômicos estimados pela manutenção da área utilizada para a produção de pupunha são equivalentes a R$ 6,5 milhões. “Esses dados demonstram a importância econômica, social e ambiental do sistema de produção de pupunha e também o potencial da atividade para a região”, avalia Emiliano Santarosa, analista da Embrapa.
A transformação socioeconômica gerada pelo sistema de produção teve reconhecimento nacional e internacional. Entre os destaques, está o Prêmio von Martius de Sustentabilidade 2017, outorgado pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, e o Certificado de Tecnologia Social, concedido pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) em 2018.
Fonte: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Agência de Notícias do Paraná, Embrapa/Katia Pichelli/Reprodução.