Pó de rocha pode ser alternativa aos fertilizantes importados

3 de junho de 2022 4 mins. de leitura
Senador gaúcho defende utilização de pó de rocha pela agricultura para superar crise global de fertilizantes

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O senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) defendeu o uso do pó de rocha em substituição aos fertilizantes na agricultura durante pronunciamento no Congresso Nacional. O parlamentar argumenta que a remineralização do solo pode garantir ao Brasil uma alternativa para adubação das lavouras diante da crise global do insumo.

Entre março de 2022 e o mesmo mês do ano passado, os valores pagos pelos fertilizantes avançaram 90%, sem considerar impostos e fretes, segundo o Índice de Preços ao Produtor (IPP), realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Junto dos combustíveis, os fertilizantes impulsionaram a inflação do processo produtivo em março. Apenas no mês de março, em que os efeitos da guerra contra a Ucrânia começaram a ser sentidos, o produto teve uma alta de 7,9% no Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

Quais são os nutrientes presentes no pó de rocha?

O uso de pó de rocha como fertilizante é regulamentado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). (Fonte: Embrapa/Reprodução)

Os nutrientes fornecidos pelo fertilizante dependem do tipo de rocha que serve de matéria-prima. De forma geral, o produto tem uma riqueza maior de micronutrientes e uma oferta menor de macronutrientes, como nitrogênio, fósforo e potássio (NPK). Alguns dos principais tipos de pó de rocha oferecidos no mercado são:

  • fonolito — rocha vulcânica rica em potássio, silício e ferro que tem doses elevadas e uso contínuo desaconselhados devido à grande oferta de sódio para o solo;
  • kamafugito — termo usado para um grupo de rochas vulcânicas que disponibilizam potássio, fósforo e cálcio;
  • biotita xisto — subproduto da brita e de areia artificial, oferece potássio e magnésio, além de auxiliar na redução da concentração de alumínio no solo;
  • micaxisto — rocha dura em lâminas, formada por quartzo e mica, que fornece potássio em teor baixo e geralmente é usada como complemento;
  • basalto — rocha que está na base de formação do solo, é rica em cátions e silício, além de oferecer teores baixos de cálcio e traços de potássio, fósforo e magnésio.

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Vantagens do fertilizante alternativo

O solo precisa ser corrigido, pelo menos, uma vez por ano. (Fonte: Carlos Augusto Silveira/Embrapa/Reprodução)

O pó de rocha apresenta vantagens como a reposição de nutrientes em solos empobrecidos e a diminuição da acidez, além de melhorar a estrutura do solo contribuindo para a infiltração. “É um novo produto, com custo barato e genuinamente nacional”, declarou Heinze.

O fertilizante proporciona um aumento na germinação das sementes, promove o desenvolvimento das raízes e o engrossamento do caule e das cascas. As folhas adubadas com o produto criam uma proteção contra pragas, doenças e intempéries.

A aplicação do insumo na lavoura resulta em maior durabilidade dos produtos após a colheita, com quantidades maiores de nutrientes, maior peso, cor e sabor acentuados. A técnica é ecológica e ainda colabora para a captura de carbono da atmosfera.

Processo de rochagem na lavoura

O processo de aplicação do pó de rocha na lavoura é chamado de rochagem ou agromineração. Como os vegetais precisam de uma gama de nutrientes, e as rochas oferecem somente alguns deles, é recomendável fazer compostos de diversos tipos para obter um fertilizante mais completo, de acordo com a necessidade da plantação e as características da terra.

Depois de moída, a rocha vira pó, que deve ser espalhado na superfície do solo, onde a presença de organismos como fungos e bactérias transformará os minerais brutos em nutrientes. As plantas consumirão as substâncias de forma natural, conforme sua demanda.

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Fonte: Agência Senado, Agência IBGE de Notícias, Agência Brasil, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)

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