PIB do agronegócio não será abalado pelo coronavírus, diz Cepea

17 de abril de 2020 4 mins. de leitura
Dólar alto compensa baixa de preços internacionais causada pelo coronavírus, mas número de empregos no agronegócio pode ser atingido

Os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) acreditam que o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio terá um desempenho satisfatório, apesar da crise causada pela pandemia do novo coronavírus. No entanto, os impactos na economia nacional podem ser sentidos em setores que dependem do mercado interno e geram empregos.

O Cepea afirma que a previsão positiva para o agronegócio está sustentada na valorização do dólar frente ao real e nas boas perspectivas de preços e de produção de grandes culturas.

(Fonte: Shutterstock)

As exportações brasileiras devem seguir com bons resultados, como o aumento das receitas e do valor das vendas externas em 13,3% registrado em março. A desvalorização do real deve compensar uma eventual queda de preços internacionais, devido ao desaquecimento da economia global.

Cenário internacional

Um surto de peste suína africana (PSA) continua afetando a Europa e a China e um surto de gripe aviária também atinge o território chinês, favorecendo as exportações brasileiras. As vendas externas de frango continuam firmes, e o preço do ovo atingiu o maior patamar real na série histórica iniciada pelo Cepea em 2013. Além disso, o preço da arroba bovina se elevou com o crescimento da demanda interna dos mercados varejistas e atacadistas, e a demanda externa continua aquecida.

O preço de grãos como soja, milho, arroz e café alcançou recordes nas séries históricas. O café foi beneficiado pelo aumento do valor internacional do Arábica e do dólar e deve registrar grande incremento da produção devido à bienalidade positiva. A safra do milho segue estável; já a soja deve registrar novo recorde, com produção estimada em 122 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

(Fonte: Shutterstock)

Preocupações

A crise causada pelo novo coronavírus, no entanto, pode afetar o número de novas vagas no agronegócio. Estabelecimentos de menor porte (agropecuários, agroindustriais ou de agrosserviços) são mais vulneráveis a situações instáveis, mas também são os mais representativos na geração de emprego no campo.

Outra preocupação do Cepea são as agroindústrias que dependem do mercado interno, como a de móveis e de atividade têxtil, que deverão sentir um impacto negativo com o desaquecimento da economia nacional. O PIB do agronegócio poderá sofrer uma pressão negativa também das indústrias de laticínios, pelo maior valor agregado para o produto alimentar, e de biocombustíveis, causada pela fraca demanda interna no período de isolamento e pela queda nos preços do petróleo.

Os pesquisadores do Cepea afirmam que “a gravidade da situação vai depender da duração desse momento de restrições mais severas à mobilidade e da efetividade das ações do governo, seja de apoio aos empregados (para garantia de renda e logo, demanda) ou às empresas”.

O Cepea alerta que o cenário atual é marcado por enormes incertezas, então qualquer perspectiva tem alto grau de inexatidão. Caso a crise do coronavírus se agrave além do esperado e as políticas de apoio do governo sejam insuficientes, o PIB do agronegócio pode ser comprometido, deteriorando ainda mais a situação do mercado de trabalho.

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Fonte: Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Esalq/USP (CEPEA).

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