Pecuária de leite: custos de produção registram alta de 8% em 2021

24 de junho de 2021 5 mins. de leitura
Segundo especialistas, alta dos custos de produção está relacionada com a valorização dos suplementos minerais e concentrados

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O ano de 2021 tem sido mais difícil para os produtores de leite do que foi 2020. A redução na margem de lucro devido ao aumento dos custos de produção é um dos principais obstáculos da pecuária leiteira para este ano.

A tendência de aumento nos custos ainda é herança do ano passado e, de acordo com as estimativas de especialistas, deve se manter ao longo de 2021. No mês de abril deste ano, o Custo Operacional Efetivo (COE) registrou alta pelo 20º mês seguido.

Nos meses de janeiro e fevereiro de 2021, os custos de produção com concentrados subiram 6,23%, o que fez a receita do pecuarista leiteiro cair 4,3%. Com o acumulado dos meses seguintes até abril, o aumento da média Brasil chegou a 8,01%.

A média Brasil utiliza dados dos estados de BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP para chegar a um resultado. Segundo Caio Monteiro, da Equipe Leite do Cepea, no mês de abril a alta foi de 0,48%, e o estado de Goiás foi o que registrou a maior elevação nos custos, de 1,05%.

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O motivo das altas nos custos de produção da pecuária de leite

Segundo o Boletim do Leite de maio do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, a alta no COE é correspondente à alta no preço dos suplementos minerais e dos concentrados. 

Na média Brasil para esses produtos, a suplementação mineral foi o grupo que mais registrou elevação no mês, com alta de 1,26%. Os analistas do Cepea afirmam que essa elevação nos preços dos suplementos minerais refletiu diretamente a valorização do fosfato, matéria-prima importada e componente importante das misturas minerais. 

Até o momento de divulgação do boletim de maio, os suplementos minerais acumulavam alta de 6,57% no ano. Segundo os dados, os estados que apresentaram as maiores altas foram Goiás (+4,22%), Bahia (+2,37%) e Minas Gerais (+2,47%).

“O produtor de leite também perdeu poder de compra em relação ao milho – pelo quarto mês seguido. Em abril, foram necessários 48,97 litros de leite para a aquisição de uma saca de 60 quilos do cereal, a relação de troca mais desfavorável ao produtor desde janeiro de 2011. Esse cenário é resultado da forte valorização do cereal em relação à receita do produtor de leite”, explicou Monteiro.

Em relação às estimativas para os próximos meses, os especialistas não esperam por grandes mudanças na tendência de alta. “No dia 1º de maio, começou a primeira etapa da vacinação de 2021 contra febre aftosa nos estados onde a vacina ainda é obrigatória […] O mês é geralmente marcado pela movimentação de produtores nas casas agropecuárias, que aproveitam para repor os estoques de medicamentos das propriedades. Os custos com esses insumos também subiram em 2021, e, na média Brasil, os grupos dos medicamentos que mais se valorizaram no período foram os de controle parasitário (+6,56%) e os antimastíticos (+5,58%)”, afirmou Monteiro.

Além disso, as questões climáticas têm gerado impacto nos custos de produção da pecuária leiteira. O menor volume de chuvas diminui a disponibilidade e a qualidade das pastagens, o que aumenta a necessidade de suplementação mineral para o rebanho.

De acordo com os pesquisadores da Esalq/USP, a seca em 2021 tem sido mais intensa, atingindo de maneira mais severa as regiões que são bacias leiteiras do Centro-Oeste, Sudeste e Sul. 

“Além das pastagens, a falta de chuvas tem diminuído também a produtividade das lavouras de milho e a qualidade da silagem de produtores de leite. Para agravar a situação, os custos de produção vêm registrando altas consecutivas. Insumos importantes para a produção de volumoso, como adubos e fertilizantes, são importados, e a desvalorização cambial tem elevado as cotações desses produtos”, ressaltou a analista de mercado Natália Grigol no boletim mensal do Cepea.

Como contraponto aos preços mais altos do leite para o consumidor final, o Cepea destaca o aumento do desemprego, a elevação da inflação e o avanço da pandemia, que prejudicam a demanda e tendem a frear a intensidade da valorização do leite no campo, mesmo em um cenário de baixa disponibilidade do produto e de custos elevados.  

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Fonte: Agro em Dia, Milk Point.

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