Paralisação da indústria de máquinas agrícolas afeta agronegócio

14 de abril de 2020 4 mins. de leitura
Quase todas as fábricas pararam as atividades por conta do coronavírus

A indústria de máquinas agrícolas costuma acelerar a produção no primeiro trimestre, depois de uma redução do ritmo das fábricas no fim do ano, de acordo com série histórica da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). No entanto, 2020 deverá ser diferente para o setor, que tem várias fábricas paradas por conta da pandemia de covid-19.

O crescimento exponencial do agronegócio brasileiro nas últimas décadas está ligado à expansão do uso de máquinas na agricultura, que aumentou a produtividade e a eficiência do campo. De acordo com a Anfavea, em 2019, a indústria de máquinas agrícolas empregou cerca de 18 mil pessoas e produziu mais de 50 mil veículos, entre tratores, cultivadores motorizados, colheitadeiras de grãos, colhedoras de cana-de-açúcar e retroescavadeiras.

Paralisação da indústria de máquinas agrícolas

O gerente de vendas da Divisão de Agricultura da Hexagon, Márcio Blau, relata que quase todas as fábricas de máquinas pararam suas atividades por dez ou mais dias desde março. A paralisação foi em decorrência das medidas preventivas à disseminação do novo coronavírus e como efeito cascata dos impactos da covid-19 nos fornecedores, o que provocou desabastecimentos no setor.

Faltam peças e implementos para a montagem e venda das máquinas. Em um primeiro momento, a importação de peças da China era o principal problema, pois o país é o maior fornecedor do mundo de chips, displays e computadores acoplados às máquinas; depois, outros vendedores tiveram de interromper suas atividades para evitar mais casos de contágio.

A pausa na produção da indústria de máquinas agrícolas tem um impacto imediato no agronegócio, avalia Blau. “Os agricultores continuam precisando do maquinário para realizar suas atividades no campo, que não podem parar”, afirma o gerente de vendas. O ciclo de compra de equipamentos é de, aproximadamente, um ano, porém a suspensão das atividades das fábricas já está afetando os serviços de assistência técnica e de reposição de peças.

Blau comenta que a automação agrícola é um avanço conquistado no decorrer dos anos, e a falta de máquinas pode diminuir a produtividade das lavouras. “Estamos falando em voltar ao trabalho manual, se necessário”, avalia o gerente.

Como continuar funcionando

(Fonte: Shutterstock)

A tecnologia agrícola sempre teve uma função: otimizar as produções. Isso quer dizer aumentar produtividade, reduzir tempo e fazer melhor aproveitamento de solo e implementos, afirma Blau. “Nesse momento, em que estamos vivendo o medo da escassez de suprimentos, precisamos garantir que não vamos deixar isso acontecer. É um senso de responsabilidade com a população. Um compromisso para que todos fiquem calmos”, orienta o gestor.

Blau explica que a Alemanha, por exemplo, não paralisou suas fábricas até o momento, mas tomou ações para diminuir a possibilidade de disseminação do vírus. No Brasil, o mercado está tentando encontrar maneiras de manter algum nível de atividade: “Devemos insistir para que pessoas dos grupos de risco ou com qualquer sintoma do coronavírus não saiam de casa nesse momento”, recomenda. “Aos que saírem para trabalhar, as empresas devem oferecer as medidas corretas de segurança, seguindo as orientações da Organização Mundial da Saúde [OMS], como criar estações de higienização em pontos estratégicos na fábrica, com álcool em gel.

Retomada do nível normal de produção

(Fonte: Hexagon)
(Fonte: Hexagon)

Com o Decreto n. 10.282/2020 do governo federal, que inclui o setor agrícola como atividade essencial em meio à pandemia, aos poucos as fábricas poderão retomar parte de suas atividades, avalia Blau. “É importante frisar que a agricultura é uma das bases da economia brasileira, então continuar com as atividades é essencial para que a crise econômica seja menos sentida”, ressalta o gerente de vendas. “Além disso, evitamos que faltem alimentos e suprimentos para outros setores”, complementa.

Ainda é difícil prever quanto tempo a indústria deve levar para retomar o mesmo patamar pré-crise, porque a situação com a covid-19 prossegue sem data de término. “Quanto mais tempo a quarentena durar, mais tempo levaremos para alcançar os mesmos números que antes”, comenta Blau. “Se a quarentena se encerrasse agora, por exemplo, creio que levaríamos em torno de três meses para retornar”, calcula o gestor.

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Fonte: Embrapa e Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

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