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Uma pesquisa feita em 2020 pela Universidade de Oxford, com dados do Banco Mundial, mostrou que o Brasil foi o país onde os preços subiram mais rápido durante a pandemia do novo coronavírus. Com destaque para inflação entre os meses de maio e dezembro do ano passado.
O aumento de preços atingiu diretamente os alimentos do famoso prato feito, que é composto de arroz, feijão, carne, batata, ovo e salada. Um exemplo disso é o preço do arroz, que, no começo de 2020, o pacote de 5 quilos custava R$ 15 e, em setembro do mesmo ano, o produto estava custando R$ 40. Assim, a inflação sobre o clássico prato feito reflete as dificuldades que a população mais vulnerável está passando durante a pandemia de covid-19.
Em um levantamento feito em dezembro de 2020, segundo estimativas da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PenSSAN), desde o começo da pandemia, mais de 116 milhões de brasileiros estão em situação de insegurança alimentar, ou seja, não têm garantia de alimento na mesa.
Inflação do prato feito
Entre os alimentos presentes no tradicional prato, os que mais sofreram com o aumento foram o arroz e o feijão. Um estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostrou que o valor do arroz subiu 61%, enquanto o do feijão aumentou 69%, ambos durante o período de março de 2020 a março de 2021.
O início da colheita de arroz, que começou no final de março deste ano, deve balancear um pouco os valores do grão, mas a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que o preço continuará inflacionado.
A estimativa é de que o valor da saca de 50 quilos fique entre R$ 72 e R$ 82 ao longo de 2021. O valor está abaixo dos R$ 100 registrados na parte mais crítica da crise, mas bem acima dos R$ 50 da média antes da pandemia.
Outro componente importante para a produção do prato feito é o óleo de soja, utilizado no preparo do arroz, da carne e das batatas. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o produto está valendo quase o dobro do que no ano passado, com uma alta de 87,5% entre março de 2020 e março de 2021.
A carne também contribui para o aumento da tradicional refeição brasileira. Sendo por muito tempo a vilã principal, o alimento agora é coadjuvante na crise, mas continua com os preços altos. O preço da arroba do boi atingiu R$ 320 em abril deste ano, um aumento de 19,78% comparado com o fim de 2020.
Nos mercados, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) mostra que o corte dianteiro de carne bovina atingiu uma alta de 28,2%, e o traseiro subiu 12% durante 2020.
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Razões para a inflação forte no Brasil
A principal causa do aumento do preço dos alimentos é a desvalorização do real, principalmente em relação ao dólar. Por conta disso, os produtos brasileiros ficaram mais baratos para o mercado externo, causando um foco na exportação e uma diminuição na venda interna.
A situação do arroz é um exemplo disso. Entretanto, o preço do grão também é explicado pela crise hídrica de países como Tailândia e Vietnã, que estão com a produção prejudicada e enfrentam dificuldade para abastecer o mercado internacional, sobrecarregando o interesse no produto brasileiro.
O preço do feijão subiu como consequência do aumento de consumo dos brasileiros. Segundo o Instituto Brasileiro de Feijão (Ibrafe), a busca pelo alimento aumentou, pelo menos, 10% durante a pandemia. No caso da carne, o aumento do valor é consequência da falta de animais para o abate e do foco dos produtores na exportação.
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Fonte: Tribuna de Minas, Summit Estadão.