Inflação da carne: proteínas animais podem ficar mais caras?

2 de junho de 2021 3 mins. de leitura
Carne bovina sobe 29% e puxa a inflação do Brasil em 2020, mas será que ainda há espaço para elevação do preço da proteína animal?

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O preço da carne bovina vem puxando os índices de inflação no Brasil durante o último ano. Em 2020, a proteína animal subiu 29%, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), enquanto o consumo per capita brasileiro de carne caiu para o menor patamar em 25 anos.

Isso fez que a procura por ovos, frangos e suínos aumentasse, o que pode gerar espaço para o setor recuperar as margens perdidas pela valorização dos grãos que compõem a ração animal. O preço do milho dobrou e o da soja avançou 63% entre maio de 2021 e o mesmo mês do ano anterior, de acordo com o indicador Esalq/BM&FBovespa.

No mesmo período, o ovo subiu apenas 7% e o frango inteiro, 14%, segundo prévia da inflação calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Alguns cortes de porco subiram mais, como a linguiça, que disparou 30%.

Inflação da carne

Ração composta de milho e soja representa 70% dos custos de produção de suínos e frangos. (Fonte: Shutterstock/udimir Jevtic/Reprodução)
Ração composta de milho e soja representa 70% dos custos de produção de suínos e frangos. (Fonte: Shutterstock/udimir Jevtic/Reprodução)

Além da valorização do milho e da soja no mercado internacional, a indústria de frigoríficos foi atingida pelo aumento dos custos do diesel, que avançou cerca de 30% em 2020, e das embalagens, que aumentaram entre 60% e 80%, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Na comparação entre abril de 2021 e o mesmo mês do ano anterior, os custos de produção de frango aumentaram quase 40% e os dos suínos tiveram alta de 44,5%, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

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Proteína animal deve continuar subindo

ABPA pede mais facilidade para importação de grãos para evitar maior alta das proteínas ao consumidor. (Fonte: Shutterstock/Africa Studio/Reprodução)
ABPA pede mais facilidade para importação de grãos para evitar maior alta das proteínas ao consumidor. (Fonte: Shutterstock/Africa Studio/Reprodução)

Em 2021, novas altas devem atingir as proteínas animais, segundo avaliação da ABPA. Isso porque as carne de aves e de suínos e os ovos que estão no mercado foram produzidos utilizando grãos adquiridos em 2020, quando os preços da soja e do milho eram menores.

Para reduzir a pressão sobre o preço das carnes, a associação pede maior facilidade para a importação de grãos, com medidas de suspensão de impostos e cobranças como:

  • Imposto Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) sobre a importação de grãos de países não integrantes do Mercosul;
  • suspensão temporária de cobrança de PIS e Cofins para comprar milho e soja de países de fora do Mercosul;
  • suspensão temporária de cobrança de PIS e Cofins sobre os fretes realizados no mercado interno.  

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Fonte: Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Estadão, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

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