Inflação alta e queda do PIB: como o agronegócio está reagindo?

1 de setembro de 2021 4 mins. de leitura
IPCA do acumulado dos últimos 12 meses revela inflação de 9%, que inibe o crescimento do PIB junto à alta do dólar. Entenda como o campo tem sobrevivido diante desse cenário

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Nas prateleiras dos supermercados é possível perceber como o custo de vida tem subido. A inflação, que se refere ao aumento generalizado dos preços, é uma realidade em todo o País e não afeta apenas os consumidores: também produz efeitos sobre a produção nacional.

Entenda o cenário da economia brasileira

A inflação e o desemprego são problemas que podem se estender por muitos meses no cenário nacional. (Fonte: Marco A M Oliveira/Shutterstock/Reprodução)
A inflação e o desemprego são problemas que podem se estender por muitos meses no cenário nacional. (Fonte: Marco A M Oliveira/Shutterstock/Reprodução)

Aumento na inflação e queda na previsão do Produto Interno Bruto (PIB): essas são as duas tendências mais preocupantes para o cenário brasileiro. Após um ano e meio de pandemia, é possível sentir que os desafios para o País devem ser de longo prazo, mesmo que a pandemia dê trégua com a vacinação.

Desde fevereiro do ano passado, quando a covid-19 chegou no Brasil, já houve mais de 575 mil mortes. Até o fim deste ano, os óbitos devem ultrapassar a marca de 600 mil, o que significa dizer que é como se uma capital como Cuiabá “sumisse do mapa”.

Os danos vão além das perdas humanas: a economia tem sido diretamente afetada. Junto ao custo com a saúde, soma-se o fechamento de empresas, o número de desempregados e a dificuldade em reaquecer o consumo em um cenário tão difícil.

Algumas medidas aprovadas pelo Congresso Nacional tentam remediar o problema, como o auxílio emergencial aprovado ainda em 2020. Mas, se esse apoio é fundamental no combate à miséria e na retomada da economia, é verdade também que isso eleva a inflação.

Isso ocorre porque o setor produtivo fica pressionado entre as medidas de restrição trazidas pela pandemia, a perda no poder de compra dos clientes, a dificuldade em estabelecer um horizonte e o aumento dos custos de produção. E a alta do dólar agrava esse problema, já que muitos setores dependem de importações.

Além disso, a alta nos combustíveis mexe no abastecimento do País e leva a um aumento em cascata. Quando a gasolina e o diesel ficam mais caros, o consumidor sente o impacto no bolso. Nos últimos 12 meses, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aumentou 9%. Em algumas capitais, como Rio Branco, no Acre, ele passa de 11%.

Isso é tão relevante que o efeito é sentido no PIB brasileiro. Segundo o Relatório de Mercado Focus, publicado em 16 de agosto deste ano, a previsão para o PIB caiu de 5,30% para 5,28%. Pode parecer pouco, mas isso tem um impacto significativo em um mercado trilionário.

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Com a alta do dólar, o agronegócio tem sofrido menos que outros setores e responde por quase metade das exportações brasileiras. (Fonte: Ambient Pix/Shutterstock/Reprodução)
Com a alta do dólar, o agronegócio tem sofrido menos que outros setores e responde por quase metade das exportações brasileiras. (Fonte: Ambient Pix/Shutterstock/Reprodução)

Se o mercado doméstico passa por uma série de problemas, que ainda podem se arrastar por um bom tempo, as exportações têm sido o ponto de apoio para parte dos produtores rurais brasileiros. Para eles, a alta do dólar se torna uma oportunidade.

Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o agronegócio exportou mais de US$ 11 bilhões apenas em julho deste ano. Isso significa um crescimento de 15% em relação ao mesmo período de 2020, mesmo que a quantidade de produtos exportados tenha caído quase 10%.

A razão desse fenômeno reside no aumento do valor do índice de preços dos produtos exportados pelo agronegócio. Segundo uma pesquisa da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, as commodities sofreram um reajuste de 28,5% no período entre julho de 2020 e julho de 2021.

Graças a isso, o setor tem reforçado seu papel estratégico e conseguido driblar o cenário econômico melhor que outros segmentos produtivos.

A soja é um exemplo. Mesmo exportando 13% menos toneladas que em julho do ano passado, o produto se valorizou em cerca de 32% nos últimos 12 meses, sustentando a balança comercial do setor e do próprio País. Ainda segundo o Mapa, o agronegócio contribuiu com 44,2% na participação do total das exportações brasileiras em julho deste ano.

Fonte: Mapa, Sistema IBGE de Recuperação Automática (Sidra).

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